Preocupações com a economia

*Ives Gandra da Silva Martins

Por: *Ives Gandra da Silva Martins  -  07/05/24  -  06:27
  Foto: Divulgação

Os jornais têm destacado, diariamente, notícias sobre a economia do Brasil, expressando especial preocupação com o aumento do dólar, o que vai implicar possivelmente uma nova intervenção do Banco Central, com o fracasso do arcabouço fiscal e com a não realização das previsões feitas pelo ministro Fernando Haddad no início no governo.


É evidente que o ministro foi, de certa forma, prejudicado pelo presidente Lula no momento em que este não valorizou o arcabouço. Isso faz com que os empresários que investem para que as empresas cresçam no mercado, que gera empregos, pois afinal é o mercado que mede, com sua sensibilidade, se a economia vai bem ou vai mal, fiquem inseguros diante desse cenário.


No momento em que o presidente não deu muita importância à luta de Fernando Haddad, este foi obrigado a reduzir o seu plano, mostrando que o arcabouço fiscal, que já era fraco, ficou muito pior do que o teto de gastos, do presidente Michel Temer.


Isso tem implicado desconfiança cada vez maior, de que nem mesmo esse novo arcabouço, com novos dados, será respeitado. Fato é que teremos déficit esse ano, assim como tivemos ano passado e, possivelmente, teremos nos próximos anos, pois a economia está fragilizada.


O dólar começa a aumentar não só porque a economia americana é mais forte, obrigando o Banco Central americano a não reduzir os juros para evitar a inflação, mas também porque a economia do Brasil, sendo mais fraca, não possui um plano econômico, já que o arcabouço está vazado pelo próprio governo e o setor mais produtivo, que é o agropecuário, precisou lidar no mês de abril com a invasão de terras pelo MST em nove estados e com o presidente Lula, segundo os jornais, fazendo a seguinte declaração: “eles têm o direito de brigar”.


Vale dizer, invasão de terras, insegurança jurídica para o setor brasileiro que mais progride (agropecuário) e um arcabouço fiscal insustentável formam uma soma de más notícias que dá saudades do teto de gastos que Michel Temer fixou para segurar a inflação provocada por um governo absolutamente fragilizado, por uma política incorreta no campo econômico da presidente Dilma, a qual acarretou o seu impeachment, levando à justa declaração do presidente do Banco Central brasileiro do risco de medidas mais drásticas do BC para combater eventual surto inflacionário.


A falta de programa econômico, as declarações levianas do presidente Lula, como essa das invasões do MST, a fragilização do arcabouço, a falta de um plano econômico e uma política em que o dólar avança e a Bolsa cai geram uma sensação de que, com um ano e quatro meses, o governo Lula ainda não elaborou um programa econômico para o desenvolvimento do País.


*Ives Gandra da Silva Martins. Professor, presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio -SP, ex-presidente da Academia Paulista de Letras (APL) e do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp)


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