Arquitetura e Urbanismo na região

Fabrício Godoi. Arquiteto, urbanista, mestre e doutorando pela USP

Por: Fabrício Godoi  -  29/03/24  -  06:24
  Foto: Alexsander Ferraz/AT

Arquitetura e Urbanismo (AU) é mais do que uma profissão. É um imenso repositório dos saberes sobre a cidade e pode ser uma usina de sugestões para a melhoria dos lugares habitados. Cada vez mais se ampliam os temas de pesquisas na área, unindo de modo criativo arte, ciência e técnica. Em um planeta em que quase todas as pessoas habitam cidades, o profissional de AU se destaca. Dos 40 programas de pós-graduação em AU no Brasil, sete estão em São Paulo, sendo quatro públicos. A pesquisa feita nessas instituições tem colaborado para o aprimoramento dos profissionais e das aglomerações urbanas.


As cidades que os sediam estão entre os maiores polos de desenvolvimento e inovação do Estado. No Ranking de Competitividade de Estados e Municípios, nesse tema, a Capital é líder, Campinas ocupa o 6º lugar, São Carlos é 7º e Bauru aparece como 117º, enquanto Santos está em 120º. Ou seja, essa presença causa impacto positivo nas cidades. Ainda mais quando se tratam de instituições públicas, graças a sua diversidade, ao seu compromisso com a pesquisa e sua independência com relação às vicissitudes do mercado.


A Baixada Santista é a 15ª maior aglomeração urbana do País e reúne características únicas: o maior porto da América Latina; destino turístico de massa; situação geográfica particular; meio milênio de história; permanência de culturas próprias; ponto de ingresso de imigrantes etc. Quanto à educação superior, a Baixada abriga unidades de três universidades estaduais (Unesp, USP e Fatec) e duas federais (IFSP e Unifesp). Nenhuma dessas tem curso de graduação ou pós em AU. Não há, consequentemente, uma abordagem sistemática de estudos sobre a cidade. Nas esferas privada ou comunitária, há cursos abertos desde os anos 1970, mas com dificuldade em completar novas turmas.


A realidade metropolitana é diversa: obras de destaque nacional, como o túnel; relação entre porto e cidade; déficit habitacional, palafitas e áreas de risco; esvaziamento e deterioração das áreas históricas; especulação imobiliária nas áreas de interesse turístico; impacto do aquecimento global; expulsão das populações tradicionais caiçaras etc. Das 23 maiores metrópoles do país, somente duas não possuem cursos públicos de AU: a Baixada Santista e o Vale do Paraíba. Só Acre, Pernambuco e Ceará têm proporcionalmente menos cursos públicos do que São Paulo.


É notória a ausência de um curso público de Arquitetura e Urbanismo na Baixada Santista. O potencial de reflexão e de proposição quanto aos problemas urbanos põe urgência na demanda. As instituições públicas de Ensino Superior que já atuam na região possuem boa infraestrutura e poderiam instalar um curso em pouco tempo, pelo menos em nível de graduação. Um curso que ilumine a inserção da Baixada no contexto nacional e que retorne para a sociedade instrumentos, ideias e saberes que proporcionem melhor qualidade de vida para todos os seus habitantes.


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