ChatGPT: IA substituindo o trabalho criativo

Tecnologia pode ser uma excelente ferramenta de apoio profissional

Por: Ricardo Pupo Larguesa  -  13/01/23  -  06:15
Atualizado em 13/01/23 - 06:30
 Inteligência artificial especializada em diálogo
Inteligência artificial especializada em diálogo   Foto: Adobe Stock

A comunidade tecnológica ficou alvoroçada no último mês com a viralização de uma novidade: uma inteligência artificial (IA) capaz de responder questões complexas, incluindo a elaboração criativa de programas de computador. Trata-se do ChatGPT, um protótipo de um chatbott (programa de computador que tenta simular um ser humano na conversação com as pessoas) com inteligência artificial especializada em diálogo. Por meio desta ferramenta, usuários podem não apenas fazer perguntas genéricas, mas obter conteúdos complexos e originais como poemas, músicas, roteiros e programas de computador.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


Esta ferramenta foi desenvolvida pela OpenAI (uma instituição sem fins lucrativos de pesquisa em inteligência artificial) e não foi a primeira iniciativa a usar técnicas de inteligência artificial para executar trabalho criativo até então realizada, exclusivamente, pelos humanos. Uma das iniciativas da mesma organização, e que já conta com competidores à altura, é Dall-E 2, um chatbott que literalmente cria imagens realistas a partir de solicitações de usuários. E recomendo que experimentem porque é realmente impressionante. Por meio desta ferramenta, é possível obter imagens incríveis a partir de solicitações complexas, como um astronauta montando um cavalo, personalidades em situações inusitadas e o que mais a sua criatividade permitir.


Como acontece com qualquer tecnologia disruptiva, a receptividade da sociedade não está sendo boa. A comunidade artística já protesta contra este tipo de tecnologia e, inclusive, questiona como será tratada a autoria destes conteúdos. Muitas pessoas já temem pelos seus empregos e inevitavelmente se começa a projetar um cenário apocalíptico da relação humana com a inteligência artificial.


Por ironia, enquanto a humanidade se preocupava com a substituição dos trabalhos manuais pela inteligência artificial, é justamente o trabalho criativo e abstrato que sofre as primeiras ameaças.


Eu tenho experimentado essas tecnologias e tenho minha opinião: por enquanto, ainda não são ameaças efetivas. Ela pode realizar trabalhos abstratos com muita assertividade, como poemas, letras de músicas, imagens de ilustrações genéricas, mas pecam nas especificidades. Se pede-se para elaborar o texto para um artigo como este, por exemplo, ela até o faz mas de forma superficial. Se pede-se um roteiro para um vídeo, soa muito genérico e sem profundidade. Em se tratando de programas de computador, é ainda pior porque ela apenas responde códigos com algumas instruções de forma muito passiva. Não interage com ferramentas de desenvolvimento, não mescla códigos em projetos existentes e se perde com questões complexas.


Os analistas de sistemas perderão seus empregos? No curto e médio prazo, acho difícil. Para se obter resultados bons é preciso especificar de forma muito técnica e precisa porque as respostas são genéricas por padrão. A IA não toma decisões ou escolhe tecnologias nem faz questões sobre objetivo, propósito ou contexto para elaborar seus conteúdos.


Mas vejo essas tecnologias como excelentes ferramentas de apoio profissional. Elas podem acelerar o processo criativo uma vez que podem ser usadas como fonte de inspiração ou mesmo como gerador de conteúdo básico. Acredito que os criadores de conteúdo devem usá-la em benefício próprio ao invés de lutar contra ela. Afinal, elas são inevitáveis!


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter