Vem aí uma Copa América banalizada e sem brilho

Aliada a outros problemas, a realização da quarta edição do torneio em seis anos joga contra o tradicional torneio

Por: Bruno Rios  -  11/06/21  -  09:34
 O Brasil ergueu o tradicional troféu da Copa América nove vezes e luta pela 10ª conquista
O Brasil ergueu o tradicional troféu da Copa América nove vezes e luta pela 10ª conquista   Foto: Fernando Torres/CBF

É uma pena, mas a realização da quarta Copa América em seis anos e a transferência de sede da edição deste ano para o Brasil, da forma atabalhoada que ocorreu, tiraram todo o brilho de um dos torneios mais tradicionais do futebol mundial. Com isso, a dois dias do início da competição, não há clima de expectativa pelo seu início, mas sim um pesar pela realização dos jogos em gramados brasileiros. Até porque, para piorar a equação, o futebol nacional sequer irá parar nos próximos 30 dias e ainda haverá, paralelamente, a disputa da Eurocopa.


Esse combo pode ser chamado de tempestade perfeita e coroa os erros da Conmebol. Banalizada ao extremo depois de ser realizada em 2015, 2016 e 2019, a Copa América foi utilizada até não poder mais pelos cartolas sul-americanos para ganhar dinheiro e prender a atenção de torcedores. Só que, para tudo na vida, existe um limite e do torneio é vivenciado agora. Principalmente com a bizarra fórmula de disputa aprovada para 2021, que torna a primeira fase protocolar, com dois grupos de cinco seleções e a classificação de quatro de cada chave às quartas de final.


Em resumo, 10 equipes ocuparão duas semanas de calendário para que apenas duas deixem de lutar pela taça. Faz sentido? A gente sabe que a resposta é não, mas o desejo de receber mais das TVs e dos patrocinadores impulsionou a Conmebol a levar a ideia adiante. Quer mais? Como o Brasil está longe de viver um momento tranquilo em relação à pandemia, uma das favoritas ao troféu, a Argentina, sequer ficará hospedada nas sedes brasileiras. Messi e companhia treinarão em sua terra natal e só chegarão ao nosso País para as partidas, em voos fretados.


De quebra, no mesmo período de tempo, só que em horários diferentes, haverá a Eurocopa para disputar a atenção do público, com promessa de nível técnico superior e confrontos que pegarão fogo desde o início - em uma das chaves, estão Franca, Alemanha e Portugal, e há somente duas vagas na fase seguinte para as três disputarem. Sem contar que os últimos quatro campeões do mundo foram todos europeus, sempre bom frisar.


Sou uma pessoa extremamente animada com futebol e capaz de parar tudo para ver uma, duas ou dez partidas, mas até eu me cansei de ler e ouvir tanta coisa errada envolvendo a Copa América, que na quinta-feira (10) chegou ao ponto de ser assunto de uma sessão extraordinária do Supremo Tribunal Federal (STF) para debate sobre a possibilidade de ser realizada ou não em Brasília, Goiás, Mato Grosso e Rio de Janeiro. O fim da picada.


Nas quatro linhas, o Brasil tem plenas condições de ganhar o torneio pela segunda vez seguida, seja pela segurança tática do time montado por Tite ou pelo momento instável de seus principais rivais - a Colômbia vive início de trabalho com Reinaldo Rueda, o Uruguai não consegue emplacar uma boa apresentação mesmo com as estrelas que possui e a Argentina não desencanta nem que Messi cruze, chute, cabeceie e comemore sozinho, numa zica sem fim. Mas, pouca gente parece se importar com isso. Até porque, daqui a três anos, acredite, haverá outra Copa América. Dá para acreditar?


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