Uma grata surpresa chamada Zlatan Ibrahimovic
Em vez de curtir a aposentadoria, atacante sueco de 39 anos lidera o Milan rumo ao topo na Itália
Em uma temporada atípica devido à pandemia, por que não o maior destaque do futebol europeu ser um nome inesperado? Pois é isso o que ocorre na Itália. Em vez de um jovem talento, quem dá as cartas é um dos atletas mais experientes entre os clubes da elite. Aos 39 anos, o sueco Zlatan Ibrahimovic comanda o Milan em uma campanha surpreendente, que dá gosto de acompanhar.
Conhecido pelo estilo provocador, o atacante chegou a Milão no começo de 2020 e assumiu o papel de líder de um elenco jovem e que precisava de uma referência. Nem mesmo o fato de ter contraído a covid-19 freou seu desempenho. No Campeonato Italiano 2020/2021, em quatro jogos, ele já anotou sete gols. Na Liga Europa, em outras quatro partidas disputadas, botou uma bola no fundo da rede.
Para quem havia passado dois anos nos Estados Unidos, como o caso de Ibra no Los Angeles Galaxy, o rendimento se torna mais espantoso. O sueco rompeu a tendência criada por outros craques que atuaram em gramados norte-americanos. Não só seguiu com o faro de artilheiro em dia como retornou ao Velho Continente, se recusando a pendurar as chuteiras. Desembarcou em um Milan combalido e o recolocou nos holofotes.
No último domingo (1º), o craque fez até um gol de bicicleta na vitória sobre a Udinese, por 2 a 1, um dos mais bonitos da rodada europeia. Ele consegue manter o físico e a técnica em dia, como nas passagens por Malmö, Ajax, Juventus, Internazionale e Paris Saint-Germain - o único fracasso na carreira do sueco foi a apagada jornada no Barcelona.
Para completar, o sueco falastrão segue dando o que falar fora de campo. Ousou desafiar a covid-19 assim que foi infectado, conseguiu se recuperar e acabou participando de uma campanha italiana para reforçar os protocolos de segurança da doença com a seguinte pérola: "o vírus me desafiou e eu o venci. Mas você não é o Zlatan. Respeite as regras e o isolamento. Use máscara sempre". Ganhou a simpatia até de torcedores rivais.
Claro que Ibra não faz milagre sozinho e conta com aliados de primeira hora nessa cruzada. Um deles é o técnico Stefano Pioli, que havia sido contratado com prazo de validade e surpreendeu a ponto de obrigar os cartolas milanistas a romperem o acordo com o alemão Ralf Rangnick, que seria treinador e dirigente do clube.
A garotada milanista é outro pilar de destaque. Sem dinheiro em caixa para trazer jogadores consagrados, o time aposta em talentos e o elenco possui média de idade de 24,5 anos, baixíssima para os padrões italianos, em especial. Essa combinação tem rendido um belo molho. A ponto de o Milan ter perdido só três de 37 partidas disputadas desde janeiro.
Na Liga Europa, a derrota de quinta-feira (5) para o Lille tirou o Milan da liderança do Grupo H, mas não deve representar um risco parra a continuidade na competição. Já no Campeonato Italiano, o clube lidera com 16 pontos e tenta reconquistar um título que não vem desde 2011. Adivinha quem era o destaque há nove anos? Ele mesmo, Ibrahimovic. Por tudo isso, duvidar do sueco é sempre um mau negócio.
