Tudo errado no São Paulo, a começar pela torcida

Quem exige a contratação de Pato não pode reclamar de Leco e Raí

Por: Heitor Ornelas  -  27/05/19  -  21:07
Em poucos jogos, Pato ainda não desencantou no seu retorno ao São Paulo
Em poucos jogos, Pato ainda não desencantou no seu retorno ao São Paulo   Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net

O São Paulo perdeu mais um clássico. Normal, sucumbir diante de arquirrivais ou em mata-matas é a rotina do clube há dez anos, e nada indica que haverá mudança a curto prazo. Na verdade, a derrota de domingo para o Corinthians, em Itaquera, reflete a crise extracampo.


Alexandre Pato fez mais uma partida ruim, o que também não chega a ser novidade em sua fantasiosa trajetória.


Mas, para a torcida do São Paulo, trata-se de um craque capaz de ganhar jogos e campeonatos. Pouco antes de sua contratação, enquanto era disputado no mercado, muitos são-paulinos – não todos, evidentemente – exigiram a chegada dele ao Morumbi. Perdê-lo para o Palmeiras seria uma desonra. 


A vitória sobre a concorrência foi  comemorada como um título, mas agora a realidade bate à porta. Pato é talentoso, mas está preso a seu próprio mundo de celebridade. Não se envolve como deveria nas disputas e vive de um gol aqui e outro ali desde os 17 anos.


Quem tiver dúvida de seus feitos, é só entrar na Wikipedia e conferir a discreta lista de títulos que ele alcançou. E olha que estamos falando de alguém que surgiu como gênio e que passou sem deixar saudade por Milan, Chelsea e Seleção Brasileira, entre outros. Foi  um jogador assim que a torcida elegeu como salvador. Como reclamar da diretoria?


Pato  pode vir a melhorar, mas jamais será a locomotiva que vai tirar o São Paulo do atraso. O mesmo vale para Raí, que enquanto o time perdia para o Corinthians estava na França, assistindo ao Torneio de Roland Garros, um dos mais importantes do tênis. Dirigente sem nenhuma experiência, ele já admitiu que está de passagem no universo da cartolagem. Ou seja, além de não contar com a bagagem necessária, não aparenta preocupação com o mau trabalho que realiza, afinal não pretende militar na área por muito tempo.


Raí foi o maior jogador da história do São Paulo. É preparado e articulado. Porém, nada disso  garante sucesso em um segmento tortuoso, que exige habilidades e traquejo que vão além do conhecimento teórico. 


Por fim, o presidente Leco, um torcedor que realizou o sonho de presidir o clube de coração, mas que nunca demonstrou a menor condição para tanto. Suas breves declarações – breves mesmo, já que ele pouco aparece – viraram chacota entre os corintianos. Além disso, trocar treinadores, vender promessas e contratar mal  resumem sua atuação, endossada por pares conformados.


E assim caminha o São Paulo, rumo ao apequenamento.


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