Seleção colhe o que a CBF planta

Amistosos desinteressantes não contagiam os jogadores, que pouco fazem em campo

Por: Heitor Ornelas  -  15/11/19  -  20:44
Atualizado em 15/11/19 - 21:18
Seleção colhe o que a CBF planta
Seleção colhe o que a CBF planta   Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Em mais uma atuação apática, o Brasil perdeu da Argentina por 1 a 0 num daqueles amistosos caça-níqueis, desta vez de luxo, com um grande time do outro lado. E pelo que se viu na distante Riad, na Arábia Saudita, pior do que a derrota foi a atuação pífia e modorrenta.


O resultado, que marca a quinta partida sem vitória da Seleção, vai aumentar a pressão sobre Tite. Mas seria ele o principal culpado? Não vejo assim. Quando um time com bons valores joga um futebol desinteressado, a primeira análise deve ser feita sobre a direção. E nesse ponto, a CBF faz de tudo para depreciar o futebol brasileiro como um todo, e não apenas a Seleção.


O problema é antigo, mas não dá para fugir dele: já que não é possível evitar peladas inoportunas dessa natureza, por que vender o direito de escolher os adversários e os locais das partidas a terceiros e se submeter a constrangimentos? Além disso, que interesse a CBF espera despertar na torcida – a parte mais importante do negócio – desfalcando os times o tempo todo? Não foi o caso desta vez, contra a Argentina, mas a cada convocação o problema se manifesta, a ponto de o próprio Tite já ter admitido que fica constrangido por prejudicar os times.


Em campo, os jogadores parecem sentir o clima negativo. Fica nítido o desinteresse, principalmente dos melhores. E sem Neymar tudo piora, ainda que, em muitas oportunidades, o atacante do Paris Saint-Germain mais atrapalhe do que ajude.


Para agravar o quadro, a entrega contida dos jogadores se junta à apatia natural de alguns. Como Philippe Coutinho, um meia talentoso, mas que parece ter medo de ser feliz. Não por acaso, ele já está em baixa no Bayern de Munique, após passagem relâmpago pelo Barcelona. Talvez a fortuna acumulada com os bons contratos que conseguiu tenha lhe tirado o apetite.


A discussão agora é se Tite deve continuar à frente da Seleção. Entendo que sim, ainda que haja outras opções para o cargo. Na verdade, o buraco é mais embaixo. Ou em cima, já que cabe a CBF se emendar e dar o exemplo.


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