Santos acerta ao arriscar no treinador

Após dias de muito mistério, o Santos acertou a contratação do substituto de Jorge Sampaoli. Trata-se do português Jesualdo Ferreira, desconhecido para a maioria dos torcedores, mas respeitado em sua terra natal por trabalhos vencedores e pela influência na formação de expoentes como José Mourinho e Jorge Jesus.

Em um primeiro momento, apostar as fichas em uma incógnita pode assustar. Contudo, se queria mesmo a continuidade de um trabalho diferenciado como o realizado por Sampaoli, a diretoria precisava ir atrás de alguém que fugisse do óbvio. Ou aqueles que de imediato torcem o nariz para Jesualdo gostariam de ver Felipão, Mano Menezes ou Dorival Junior à frente do Santos?

Quem conhece o português não poupa elogios a ele. A passagem pelo Porto foi a mais vitoriosa, mas o que marcou mesmo foram o jogo bem jogado e a capacidade de alterar esquemas táticos e surpreender o adversário. São características que não se pode ignorar, mas penso que o que pode tornar a passagem do português pela Vila Belmiro vencedora é a atitude desprendida e corajosa que, nos últimos tempos, somente os gringos apresentam no Brasil. Com um receio exagerado das críticas e do desemprego, a maioria dos treinadores brasileiros se acostumou a montar times medrosos, que passam quase 90 minutos na defesa e apostam mais no acaso do que na iniciativa para ganhar as partidas. Fora outros vícios como ficar poupando jogadores o tempo todo.

Predicados e vantagens à parte, Jesualdo Ferreira vai ser avaliado conforme os resultados. É assim com todos, e com ele não há por que diferente. Em um eventual fracasso, não faltarão aqueles que apontarão o dedo para os dirigentes do Santos acusando-os de inventar e de colocar o time nas mãos de alguém que não está familiarizado com nosso futebol e que estava aposentado. Entretanto, analisar trabalho pronto é fácil. Mais interessante é, desde já, tentar entender os argumentos que levaram à escolha.

Jesualdo Ferreira chega com a vantagem de pegar um trabalho bem desenvolvido por Jorge Sampaoli. Se não perder mais nenhum titular, o Santos pode manter o nível de 2019 e, enfim, conquistar um título que coroaria o bom futebol apresentado. Agora, cabe à diretoria oferecer condições de trabalho ao treinador e manter os salários em dia. A torcida também precisa ajudar, com uma dose extra de paciência até Jesualdo se adaptar.