Que o Flamengo seja o ponto da virada

Técnico audacioso e diretoria que peita a CBF poderiam inspirar os demais clubes brasileiros

Por: Heitor Ornelas  -  26/10/19  -  00:38
Em um futebol combalido como o brasileiro, o trabalho dos cariocas tem muitos méritos
Em um futebol combalido como o brasileiro, o trabalho dos cariocas tem muitos méritos   Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

O Flamengo que cedo ou tarde será campeão brasileiro e que tem boas chances de ganhar a Libertadores é o assunto do momento. E não poderia ser diferente. A histórica vitória sobre o Grêmio, por 5 a 0, em um jogo que valia vaga na decisão, jogou ainda mais luz sobre o trabalho do clube carioca, que deve ser não apenas enaltecido, mas também servir de modelo para todos os times brasileiros.


Antes que se diga que o Flamengo tem o maior orçamento do Brasil e que, com exceção do Palmeiras, os demais não podem comprar jogadores como Arrascaeta, Filipe Luis e Rafinha, é precisa salientar que o sucesso rubro-negro vai muito além disso. O técnico Jorge Jesus, por exemplo. Quando ele evita poupar jogadores e escala sempre o que tem de melhor, independentemente de rodada ou competição, ele mostra aos treinadores brasileiros que eles exageram na economia. Já cansou ver tanta gente descansando enquanto os reservas tentam se virar. Se os titulares dos grandes times já não são brilhantes, o que dizer dos suplentes?


Outro marco flamenguista foi a coragem para bater de frente com a CBF e não liberar o jovem Reinier para a seleção brasileira sub-17. Ao segurar o jogador, o clube obrigou a entidade máxima do futebol brasileiro a colocar o rabo entre as pernas e desconvocá-lo. E justo nesse momento, o jogador marcou o gol da vitória do Flamengo sobre o Fortaleza, por 2 a 1. Se os cariocas resistiram e conseguiram, por que os demais clubes grandes não podem fazer o mesmo? Por que São Paulo e Corinthians, por exemplo, liberam Antony e Pedrinho para a seleção olímpica bovinamente?


A eficiência do departamento médico do Flamengo é mais um ponto a se destacar. Filipe Luis e Arrascaeta sofreram lesões de média gravidade na primeira partida com o Grêmio e chegaram a preocupar para o duelo final. O mesmo aconteceu com Rafinha, em jogo pelo Brasileiro. Na hora da decisão, porém, estava todo mundo em campo. No São Paulo – impressionante como a equipe paulista virou referência negativa para tudo –, os jogadores se machucam em demasia, levam muito tempo para voltar e, quando parecem recuperados, voltam a se machucar. Pablo e Everton passam mais tempo no departamento médico do que em campo.


O Flamengo não é perfeito. Se perder a Libertadores, muito da boa impressão vai se perder. Porém, em um futebol combalido como o brasileiro, o trabalho dos cariocas tem muitos méritos. Vale a pena tentar fazer igual.


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