Que comece a Copa América de verdade!

Depois de uma primeira fase esdrúxula, torneio sul-americano finalmente promete ter partidas emocionantes

Por: Bruno Rios  -  02/07/21  -  09:18
 Ao lado de Aguero, Messi barbarizou a defesa boliviana na goleada que encerrou a primeira fase
Ao lado de Aguero, Messi barbarizou a defesa boliviana na goleada que encerrou a primeira fase   Foto: Gledson Tavares/Estadão Conteúdo

Após três semanas de tempo perdido, a Copa América começa de verdade nesta sexta-feira (2). Com um regulamento esdrúxulo que previa a classificação às quartas de final de oito das dez seleções participantes, a primeira fase só serviu para eliminar Bolívia e Venezuela, reafirmar o quanto Messi é fundamental à Argentina e mostrar que o Brasil tem a melhor equipe, embora ainda falte algo ao time de Neymar para encantar o torcedor.


Houve também algumas decepções no torneio até aqui, como Colômbia e Uruguai, mas a qualidade dos jogadores à disposição nas duas seleções ainda é capaz de criar altas expectativas para o confronto deste sábado (3) entre elas. Afinal, por mais que Luis Suárez não esteja bem, um ataque formado por ele e Cavani nunca passa desapercebido. Do outro lado, a Colômbia deve sentir a ausência de Cuadrado, suspenso. Por isso, aposto nos uruguaios.


Mas, antes, teremos um duelo interessante entre Peru e Paraguai. Treinado pelo argentino Ricardo Gareca, que até hoje causa arrepios nos palmeirenses pela frustrada passagem pelo Verdão, o selecionado peruano chega como favorito por ter mostrado um futebol agradável, sem medo de procurar o ataque - o que, às vezes, escancara a defesa aos rivais, como na goleada de 4 a 0 sofrida para o Brasil, na segunda rodada da Copa América.


Só que, como esperado, os grandes atrativos da polêmica competição, realizada com estádios vazios e sem o devido controle da pandemia, são Brasil e Argentina. Nossos eternos rivais não têm dado espetáculo, até porque alguns gramados não permitem isso, mas Messi segue comandando o time em busca da quebra de jejum de 28 anos sem levantar uma taça - a última vez que os argentinos gritaram "é campeão" foi na Copa América de 1993, no Equador.


E, por ironia do destino, os equatorianos serão os adversários da Argentina, sábado à noite. Por mais eles tenham uma equipe bem montada, difícil imaginar que Preciado e seus companheiros conseguirão frear Messi. O camisa 10 fez três gols e deu duas assistências na primeira fase, participando de 71% dos lances em que a seleção botou a bola na redes adversárias. Pode não ter demonstrado o brilho costumeiro, mas segue eficiente e um tremendo perigo.


Já o Brasil me deixa encucado. Sinceramente, não é o duelo eliminatório da noite desta sexta contra o Chile que me preocupa, e sim a angústia de, a cada partida vencida, sentir que falta algo para encantar a torcida e embalar rumo à Copa de 2022. Neymar tem atuado bem no ataque, o sistema defensivo se mostra seguro e os meio-campistas correm em dobro para criar jogadas, mas as apresentações não me convencem.


Traçando um paralelo com a culinária, nos últimos tempos a Seleção Brasileira me passa a impressão de ser um prato dos mais lindos, porém sem tempero, frustrando toda a expectativa criada. Quando vejo a equipe comandada por Tite, não tenho dúvidas de que ela é a melhor da América do Sul, mas isso não parece ser o suficiente para voos maiores. Que a nova etapa da Copa América faça o Brasil virar a chave e assumir o protagonismo. Ou, então, serão mais alguns dias perdidos.


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