Se eu pudesse dar um conselho ao zagueiro Lucas Veríssimo, seria o que está no título desta coluna: Lucão, não siga o mau exemplo dado por Robinho em 2005.
O zagueiro, por algumas vezes, pediu para não atuar em jogos decisivos para o clube na Copa Libertadores da América. Depois de muito refletir e ouvir conselhos do técnico Cuca, ele voltou atrás na decisão. Jogou e o Santos classificou chegando, agora, na semifinal da competição sul-americana.
Na última rodada do Brasileirão, Veríssimo não foi a campo por opção própria e o Alvinegro acabou sendo derrotado pelo Vasco da Gama em São Januário.
Eu entendo a posição do Lucão. O jogador recebeu, por algumas vezes, a confirmação de que seria negociado. E em todas as oportunidades, o clube recuou na decisão. Todo jogador tem um ciclo num clube e todo ciclo se encerra em algum momento. Porém, sendo um atleta da base, cria do clube, essa barra forçada para ser negociado não faz bem nem a ele e nem ao clube. Não é a melhor forma de sair.
Querendo ou não, ele possui um vínculo contratual que precisa ser respeitado. E o Santos, em breve, terá um novo presidente. Andrés Rueda não precisará enfrentar a burocracia que enfrenta Orlando Rollo para negociar jogadores. Será mais fácil encontrar um caminho para as duas partes.
Em 2005, Robinho voltou da Copa das Confederações decidido a ser vendido ao Real Madrid. Se negou a jogar e treinar pelo clube. Uma novela que durou quase um mês. Enquanto o Santos empatava com o Juventude, sem gols, o Rei das Pedaladas estava com amigos jogando futebol society, por exemplo.
Diferente de Lucas Veríssimo, Robinho veio a público dizer que não jogaria mais pelo Santos. Retornou a atuar só depois que foi vendido. Num acordo para jogar até o final do turno do Brasileirão - 7 jogos, o número que ele utilizava no Peixe.
Jogou seis, sendo que cumpriu suspensão na sétima partida, contra o Paysandu, e por isso não viajou para Belém. Foi direto para Madri. Por algum tempo, a imagem de Robinho com o torcedor foi arranhada por esse episódio. Ele reconquistou o carinho do torcedor após voltar, em 2010.
O zagueiro não precisa passar por esse desgaste. Ele pode fazer um acordo nos mesmos moldes de Robinho. Aceitar jogar enquanto o Santos está na Copa Libertadores da América. A final é no dia 30 de janeiro. Dá para ele jogar, se o Alvinegro se classificar para a decisão, e depois ir para o futebol português.
Veríssimo iria para o Benfica, Jorge Jesus teria o seu defensor e o Santos teria seus interesses garantidos, não perderia um jogador importante na reta final da competição.
A solução é plausível. O que falta, agora, é diálogo e que as partes cedam um pouco. Mas, se recusar a jogar, é o pior caminho.