Empresários estragam os jogadores

Atitudes como a dos agentes de Lucas Paquetá, que tentam tirá-lo do Milan por falta de oportunidades, contribuem para o surgimento de jogadores sem personalidade

Por: Heitor Ornelas  -  22/01/20  -  23:33
Lucas Paquetá saiu do Flamengo como sensação, mas não conseguiu mostrar bom futebol no Milan
Lucas Paquetá saiu do Flamengo como sensação, mas não conseguiu mostrar bom futebol no Milan   Foto: Twitter oficial do Milan

Lucas Paquetá saiu do Brasil em 2018 como um dos principais jogadores do País. Com grandes atuações pelo Flamengo, ele convenceu o Milan a pagar 35 milhões de euros pelo seu futebol. Pouco menos de dois anos depois, porém, os empresários do jogador quem tirá-lo de lá. A alegação é que brasileiro estaria desmotivado por não receber oportunidades.


Por mais jovem que seja, e por maiores que sejam as dificuldades com a mudança para uma realidade tão distinta da brasileira, Paquetá só tem a perder ao desistir do Milan e forçar uma transferência. Aos 22 anos, ele tem mais é de se superar e mostrar que os italianos não jogaram dinheiro fora com ele.


Mas o jogador não erra sozinho. Na verdade, seus empresários são os vilões da história. Ao tentarem “virar a mesa” para acabar com a suposta tristeza do meia-atacante, eles apenas mostram o caminho mais fácil, que muitas vezes é o pior. Jogador tem que ganhar a vaga em campo, não via empresário.


Esse excesso de cuidados – que também tem seu lado comercial, é claro – é o grande responsável pelo surgimento de tantos jogadores sem personalidade no Brasil. A Seleção Brasileira é o exemplo mais claro. Não falta talento a Thiago Silva, Philippe Coutinho, Marquinhos e, claro, Neymar. Faltam personalidade e resiliência nos momentos difíceis. Não por acaso, nossas últimas participações em Copa do Mundo foram um desastre. Levamos de 7, choramos e perdemos jogos nos quais faltou sangue nos olhos.


No caso de Paquetá, porém, não falta apenas personalidade. Ele, Vinicius Jr. Éder Militão, Gabigol e outros não têm futebol para vestir a camisa de grandes times da Europa. Eles foram muito bem no Brasil porque, por aqui, o nível do futebol é baixo. Mesmo na Itália, pais no qual o campeonato nacional já não é o melhor do mundo há tempos, é preciso mais do que correr e simular faltas. Leitura de jogo e inteligência para entender o que as partidas pedem são características fundamentais.


O tempo vai dizer se Lucas Paquetá e toda essa geração vendida ao exterior por milhões valem quanto pesam. O que se pode dizer, desde já, é que não é no grito, ou entregando os pontos, que eles vão se firmar nos principais centros do futebol.


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