Deyverson não é deste mundo

O torcedor do Palmeiras vive uma relação de amor e ódio com Deyverson. A bronca pelas evidentes limitações técnicas do atacante muitas vezes dá lugar à alegria que ele proporciona com gols importantes, como o marcado na vitória sobre o Avaí, por 2 a 1, e os vários anotados no ano passado, quando o clube conquistou o Campeonato Brasileiro. Porém, jogadas como o voo que resultou no pênalti em Florianópolis, e pior, a justificativa de que “meu papel é cair na área”, mostram que falta um mínimo de bom senso ao jogador.

Deyverson até que tem se comportado, se os dois primeiros anos dele no Palmeiras forem levados em consideração. As quedas cinematográficas e as entradas violentas que terminavam em expulsão diminuíram consideravelmente. Mas no domingo o jogador se superou. A dividida com o zagueiro do Avaí foi um lance difícil, por causa da grande quantidade de água no gramado. O defensor catarinense, reconheçamos, também fez tudo o que não podia ao chegar como um trem desgovernado em um lance dentro da área. Entretanto, o mergulho de Deyverson foi exagerado, ainda que tenha ocasionado o pênalti convertido por Gustavo Scarpa.

O Palmeiras tem Borja, Luiz Adriano – o titular, que só não tem jogado porque está machucado – e Henrique Dourado para o comando do ataque, além do próprio Deyverson. Não tem nenhum craque aí, mas todos levam alguma vantagem sobre o “menino maluquinho” em matéria de fundamentos. Contudo, como não conseguem convencer quando são escalados, joga aquele que, aos trancos e barrancos, dá algum resultado.

Ciente de tudo isso, o técnico Mano Menezes relutou até começar a escalar Deyverson, que,  se  um dia conseguir colocar a cabeça no lugar e deixar para trás o lado circense,  pode adquirir o respeito que lhe falta. Até porque, em um elenco que tem Lucas Lima e outros que ganham milhões e entregam migalhas, é preciso ponderar bastante as críticas.