O Santos se recusou a liberar Rodrygo para um torneio amistoso da seleção olímpica e pagou caro, ficando impossibilitado de escalá-lo nem que fosse para um jogo de despedida antes de ele ir para o Real Madrid.
Com os times cariocas, cujo histórico de favorecimento nos bastidores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) é notório, a coisa funciona diferente. Primeiro foi o vascaíno Talles Magno, que, após ter a liberação para a seleção sub-17 negada pelo clube, jogou tranquilamente pelo Campeonato Brasileiro. Agora é Reinier, que não vai para a seleção sub-17 para defender o Flamengo, embora estivesse convocado.
Assim que Talles Magno foi autorizado a atuar pelo Vasco durante o período em que esteve convocado, o Santos protestou lembrando de Rodrygo. O STJD se apressou em apresentar justificativas que não convenceram. Da mesma forma que agora, no caso de Reinier. Para começar, a sessão que debateu o caso do flamenguista foi itinerante, realizada em São Paulo, durante evento voltado ao futebol. Em seguida, foram apresentados argumentos que, de tão óbvios, chegam a ser estúpidos, como “sem clubes não existem seleções”.
Ora, é exatamente por depender dos clubes que as seleções não deveriam prejudicá-los. Diante de todas as dificuldades enfrentadas pelas agremiações, não dá para sofrer mais esse prejuízo. Já não basta a seleção principal, que a toda hora desfalca os times em jogos decisivos?
É evidente que as convocações têm o lado positivo. Afinal, dão experiência internacional ao jogador e valorizam o patrimônio do clube. Mas tudo precisa ser feito com muito cuidado. Jogador que já integra o elenco profissional não deveria ser obrigado a defender seleção de base. Se o clube concordar, tudo bem. Entretanto, se precisar dele e não puder liberar, precisa ser respeitado.
Seja como for, o STJD e a CBF precisam tratar os clubes igualmente. Não dá para aceitar que uma mesma questão possa ter duas interpretações. A não ser que o objetivo seja voltar ao passado e relembrar as famigeradas viradas de mesa que já livraram Botafogo e Fluminense, por exemplo, de rebaixamentos.