A camisa do Santos faz milagres e eu posso provar

Moleque da Vila vai provar para você

Por: Moleque da Vila  -  05/04/21  -  12:34
Moleque da Vila mete bronca
Moleque da Vila mete bronca   Foto: Marcelo Padron/Arte AT

Geral empolgada para encarar esses hermanitos do San Lorenzo? O Chicão lá do Vaticano que me desculpe, mas ele que não invente de trocar uma ideia com Chefe dele pra pedir essa classificação pro time do coração, porque quem vai passar é o Peixão!


Mas aê, não colei aqui pra falar disso. Vim pra falar do poder que existe na camisa do nosso Santos. Mano, domingo à noite estava de boa, jogando um Playstation e do nada bati o olho no Twitter. Tava fitando a timeline tranquilão e de repente, pah: "Vasco contrata Vanderlei".


Mano, na moral, desacreditei.


Aê, com todo respeito aos cruzmaltinos, mas é o VanDeuslei... o nosso VanDeuslei... o cara que quase foi pra última Copa do Mundo. O maluco que com a camisa do Peixão pegava até pensamento.


Véio, em três anos o cara deixou de ser o melhor goleiro do futebol brasileiro pra só servir num time que vai disputar a Série B? Serião, fiquei em choque.


Mas se liga só... boladão com essa fita, desliguei o Play e comecei a pensar na galera que representou com o nosso manto, mas depois que saiu fora não virou em lugar nenhum.


Irmão, montei um time inteiro!


Tem uns aí que vazaram achando que eram isso e aquilo, mas na real foram só decepção.


Como precisei da ajuda do meu coroa, o time é meio conservador, joga num 4-4-2... era o esquema que usavam na época dele.


O goleiro, não tem jeito, é o Vanderlei. Sério, o maluco fazia milagre vestido de Rafael Cabral.


O lateral-direito é o Zeca. Mano, esse aí achava que era o novo Cafu. Fez biquinho pra sair, saiu e sumiu. Foi pro Inter e não jogou, foi pro Bahia e também não jogou. Agora tá lá... humildão falando que vai ajudar o Vasco a subir. Tô só observando.


Na zaga entrou o Gustavo Henrique. Esse aí tinha tudo aqui na Vila, mas do nada começou a pagar de louco. Dizia que amava o Santos, mas não sabia se queria continuar. No final das contas arrumou os bagulhos dele e partiu pro Flamengo. Lá, sofre pra ganhar a posição do William Arão, que joga improvisado de zagueiro. Fora que o clima do menino com a torcida dos caras tá mais pesado do que o Rodrigão em início de pré-temporada.


Pra formar a dupla de zaga com o GH precisei recorrer ao meu velho.


Pensamos, pensamos, mas tivemos que fazer um improviso. Recuamos o Paulo Almeida, capitão do time campeão brasileiro de 2002, para a defesa, porque o meio-campo tá lotado. Pra molecada mais nova, tipo eu, que não viu esse aí jogar, ele era o dono do meio-campo do Peixe no time que tinha Diego e Robinho. Mas... iludidão inventou que queria ir pra Europa. Foi. E voltou. Ficou uma carinha no Benfica e saiu de lá chutado pelos portugas. Depois disso rodou, rodou e não mudou de lugar.


A lateral-esquerda ficou com o Dodô. Mais um viajandão das ideias. Dizia que torcia pro Peixão desde moleque e tal, mas quando foi pra renovar o contrato esqueceu o amor de infância. Cresceu os zoião no dinheiro de mentira do Cruzeiro e foi embora. O tombo foi grande, viu? Virou reserva do Egídio no time que foi rebaixado e ainda tomou calote do Itair. Hoje tá no Atlético-MG esquentando o banco pro Arana.


No meio de campo, a marcação é do Arouca. Enquanto estava no Santos era campeão toda hora, estava na Seleção, tinha sondagem de times da gringa e vivia na boca do povo, que dizia que ele era um dos melhores da posição no País. Só que na cabeça do malandro isso era pouco. Foi pro Palmeiras. Até teve uns lampejos, mas perdeu espaço e começou a ser empurrado pra vários times. No ano passado foi rebaixado à Série C com o Figueirense. Tá show!


O segundo volante desse time é o Wesley. Fenômeno no Santos de 2010. O cara voava em campo. Defendia, atacava, fazia a lateral-direita, marcava gols e dava assistências. Tudo ao mesmo tempo. Foi pra Seleção. Se empolgou. Veio oferta da Europa e pediu pra ir embora. Foi. E voltou. Jogou no Palmeiras e no São Paulo, mas hoje não pode passar perto dos CTs dos caras, que são vizinhos, porque a rapaziada lá se junta pra pegar o maluco. Hoje 'brilha' no CRB.


Uma parte da criação no setor fica nos pés de Lucas Lima. Mais um que no Santos foi pra seleção, conquistou títulos e vivia sendo elogiado. Mas... vacilão, ouviu um chamado da ganância e pediu pra sair. O cara chegou na Vila mais magro do que o Tailson e na hora de ir embora virou as costas pro Peixão. Saiu de graça. Agora tá lá... milionário, mas só joga quando não vale nada.


A outra parte da criação é dele: Paulo Henrique Ganso. Na asa do Neymar, esse aí enganou geral. Inclusive ele mesmo. Com a camisa do Santos, o doido quase foi pra Copa de 2010. Parecia um gênio. Com esse cara não tinha toque feio. Cada assistência era uma obra de arte. O problema é que aos poucos a torcida percebeu que o maior talento dele era ser parça do Neymar e começou a cobrar o malandro. Ele não gostou e pediu pra vazar. Foi pro São Paulo e conseguiu enganar o Sampaoli, que infernizou a galera do Sevilla pra gastar um dinheiro nesse bicho. Mano, não demorou muito e o maluco do argentino sacou que tinha caído na fake news. A preguiça do Ganso foi tanta que os espanhóis devem ter andado o Caminho de Santiago de Compostela todinho de joelhos pra agradecer a proposta do Fluminense. Pra não dar erro na negociação, o Sevilla nem quis receber. Liberou de graça mesmo.


A missão de fazer gols fica dividida com dois 'artilheiros'. O primeiro é o André, também conhecido como André Balada. Assim como Ganso, era parça de Neymar. Fazia gols, às vezes até dois ou três no mesmo jogo. Sabia que não era craque, mas ficou chapadão quando recebeu proposta da Europa. Mais um que pediu pra ir embora. Foi. E voltou. Jogou no Atlético-MG, Vasco, Sport, Corinthians, Grêmio e ninguém sente saudades. Hoje em dia tá lá no Gaziantep, da Turquia. Nos últimos 18 jogos fez dois gols. Tá voando, pô.


Pra fechar esse time chamamos o Alberto. Também indicado pelo meu velho. Ele era o matador do Santos de 2002. Chegou no Peixão sem moral nenhuma, mas do nada começou a meteli goli. Meu pai fala que num clássico contra o Corinthians, o maluco acertou uma bicicleta lindona no ângulo. Sinistrão, o cara era só alegria com as jogadas de Diego e Robinho, que sempre sobravam pra ele. Mas... depois do título de 2002 quis ir pra Europa. Foi. E voltou. Traumatizado com a bike do doido, o Corinthians pegou ele na hora. O problema é que magrela do malandro já tava enferrujada. Fechou mais uns contratinhos na carreira por causa dos dias no Santos, mas, assim como todos esses outros, sem desfrutar da magia e da felicidade que só a camisa alvinegra proporciona.


Abre o olho, Kaio Jorge...


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