A base voltou a ter vez no Santos

Ainda em busca de afirmação, Jesualdo acerta ao dar oportunidade aos jovens

Por: Heitor Ornelas  -  04/03/20  -  19:42
Jobson e Kaio Jorge comemoram a vitória do Santos sobre o Defensa y Justicia em Buenos Aires
Jobson e Kaio Jorge comemoram a vitória do Santos sobre o Defensa y Justicia em Buenos Aires   Foto: Ivan Storti/Santos FC

Sandry, Renyer, Yuri Alberto e Kaio Jorge são quatro jogadores revelados nas categorias de base do Santos que já tiveram chance com Jesualdo Ferreira. Está aí um ponto positivo do trabalho do treinador, que dá indícios de querer virar o jogo.


Depois de sete partidas ruins, Jesualdo chegou ao clássico diante do Palmeiras na corda bamba. A vitória não veio, mas a atuação aguerrida foi um ponto de partida rumo a um bom caminho. O triunfo sobre o Defensa y Justicia, na estreia da Libertadores, confirmou que a evolução está em curso. Além de Kaio Jorge, que marcou o gol decisivo na vitória por 2 a 1, Jobson, que não foi revelado na base, mas é jovem e ainda não jogou o suficiente desde que chegou ao clube, balançou as redes.


Jesualdo Ferreira chegou ao Santos dizendo que aproveitaria a base. Em meio às atuações ruins, a promessa se perdeu. O contraste com a equipe comandada por Jorge Sampaoli no ano passado, inevitavelmente, era o que falava mais alto. Agora, justiça seja feita, é preciso dar ao português o mérito de escalar jogadores feitos em casa, que podem não apenas dar resultado em campo, mas também alcançar valorização de olho em uma negociação futura, coisa da qual nem o Santos, nem qualquer outro clube do Brasil pode abrir mão.


Com Sampaoli, em que pese o bom futebol e a maior identificação com o famoso DNA ofensivo da casa, havia uma resistência a lançar jovens jogadores – Tailson foi um dos poucos a ter chances reais, depois de muito custo. E mesmo quem vinha de fora tinha dificuldade de ser visto. Jobson, por exemplo, jogou pouco porque não foi indicado pelo argentino, como já revelou o presidente José Carlos Peres. 


Não se pode, por vaidade ou qualquer outro interesse, virar as costas para revelações. Além de montar um grande time, capaz de brigar por títulos, é papel do treinador orientar e apostar em revelações. Tivesse feito seu trabalho a contento nesse sentido, Sampaoli teria evitado que o Santos fosse atrás de Uribe e Cueva, só para citar dois exemplos de prejuízos significativos.


Apesar do sopro de vida que os últimos resultados representaram, o Santos ainda tem muito a melhorar se quiser disputar títulos. A vitória sobre o Defensa y Justicia não apresentou somente virtudes santistas, como a persistência e uma volta moderada da intensidade. Em determinados momentos, o time marcou mal, abusou do direito de errar na armação de jogadas e correu sérios riscos de levar o segundo gol, o que teria sido fatal. Além disso, a sorte, que muitas vezes passa longe, estava presente, traduzida na bola rebatida na intermediária que sobrou para Kaio Jorge virar a partida e na bola que bateu na trave, nas costas de Everson e saiu.


Agora, o Santos tem dois jogos na Vila Belmiro para embalar. No sábado (7), o adversário será o Mirassol, e na terça-feira (10), o Delfin, do Equador, pela Libertadores. Está aí uma oportunidade que não pode ser desperdiçada.


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