Sem endereço fixo

Número de pessoas em situação de rua aumenta em cidades da Baixada Santista

Por: Paulo Corrêa Jr  -  13/06/19  -  09:24
  Foto: Alexsander Ferraz / AT

Como diz a letra na música “Jornais”, do conjunto Nenhum de Nós: "As pessoas que se enrolam nos jornais não são mais notícias. Elas não esperam de um papel de duas cores mais que um pouco de calor. A calçada não é pai, não é mãe, não é nada. Nada mais do que um abrigo, um refúgio".


É notório o crescimento da população de rua nas cidades da Baixada Santista.


Este fato chega a você caminhando pelas ruas, numa abordagem de flanelinha, nos modestos malabares dos semáforos e pelos incontáveis comentários negativos nas redes sociais. Todos somos impactados.


Mas, antes de qualquer julgamento precipitado e acusador, é bom ressaltar que existe um número muito grande de pessoas que optam por morar nas calçadas sem que tenham relação nenhuma com a cocaína ou o crack. Não que eles não mereçam a mesma atenção. Mas, excetuando-se esses casos, você encontrará situações de alcoolismo, de pessoas que optaram pela solidão, que não conseguem um emprego, sem condições financeiras e com problemas psiquiátricos.

É preciso que façamos uma reflexão sobre o fato de que nenhum ser humano em sã consciência opta por morar embaixo de uma marquise ou dentro de um túnel, cobrindo-se com papelão, vivendo de esmola e sobra de comida.


Penso, então, que seria interessante que o poder público - talvez até em parceria com o setor privado - fizesse um censo robusto envolvendo todas as cidades, projetando qual é o tamanho do problema e o que é possível fazer para aliviar a curto, médio e longo prazo essa situação deplorável e desumana.


Lembro que li, em meados de 2014/2015, uma pesquisa feita somente na cidade de Santos e, já naquela época, o problema era alarmante. A quantidade de indivíduos em situação de rua e seus motivos impressionavam. Muitos dos entrevistados alegavam que a cidade possibilitava uma condição melhor de vida pelo clima, por dar melhor abrigo e possibilitar melhores resultados na mendicância. Os valores citados sobre o que se arrecadava - principalmente crianças - eram de desanimar qualquer trabalhador que ganha um salário mínimo. Outros tantos comentavam sobre as ações de grupos que servem alimentos durante a noite, como sendo um facilitador para que continuem sem um teto fixo.


Não julgo nenhuma das ações, mas será que a esmola e a distribuição de alimentos não são facilitadores para a manutenção e crescimento desses números que tanto têm chamado atenção?


O problema existe. É preciso encará-lo de frente em busca de resultados.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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