Nunca saímos da Zona Vermelha. E alguém continua mentindo

Temos que voltar com nossas atividades, mas na hora em que, baseados na ciência, estejamos aptos para isso

Por: Paulo Corrêa Jr  -  04/06/20  -  11:13
Cubatão ultrapassou a marca de 8 mil casos da doença
Cubatão ultrapassou a marca de 8 mil casos da doença   Foto: Matheus Tagé/AT

Nossa conversa começa assim: sou favorável a retomada gradual da economia desde que a vida humana seja blindada permanentemente da Covid-19. Temos que voltar com nossas atividades, mas na hora em que, baseados na ciência, estejamos aptos para isso.


Sinceramente, ainda não consegui definir qual a real intenção dos prefeitos que anunciaram na semana passada e de forma leviana, que havíamos deixado a Zona Vermelha de isolamento social. Assisti, inclusive, a alguns vídeos onde colocavam-se na condição de grande negociadores e que haviam conquistado nosso direito às regras menos rígidas descritas nas regras da Zona Laranja, garantindo o direito à breve reabertura de parte do comércio e provocando um imediato e comprometedor aumento de pessoas nas ruas.


Agora, passados poucos dias, o Governo reforça sua posição, mantendo todas as cidades da Baixada Santista sob as mais rígidas regras de isolamento, reafirmando a ordem de permanecerem fechadas quaisquer atividades considerada como não essenciais. Continuamos na Zona Vermelha e nunca saímos dela. Essa é a verdade. O resto é blá-blá-blá.


Então, num rompante de insanidade, sem base qualquer em dados científicos e provavelmente cedendo a pressões populares e de empresários, Paulo Alexandre Barbosa, prefeito de Santos, vem numa live em seu perfil no Instagram avisar que, em decisão coletiva com os demais prefeitos da Baixada Santista, adotará as medidas previstas na Zona Laranja. Se o Governo do Estado insiste que os critérios são adotados de acordo com intensa análise de dados científicos, eu pergunto: existe algum estudo por parte dos municípios para que essa decisão seja tomada pelos prefeitos? Quem irá responder pela responsabilidade caso os números voltem a crescer? Estamos preparados para essa volta?


Nossos números de infectados e óbitos ainda são muito preocupantes e é necessário muito cuidado com qualquer decisão que possamos tomar de agora em diante, sob pena de causarmos um colapso nos hospitais da Região em questão de dias.


Estamos falando de vidas, de pessoas. Somos a segunda região mais comprometida de São Paulo e ainda temos colado a nós o Vale do Ribeira – pior IDH do Estado - com uma quantidade muito pequena de leitos comparado à população daqueles municípios. 


É preciso ter muita responsabilidade ou irresponsabilidade para assumir um risco desse tamanho e espero sinceramente que nada de ruim aconteça. Como sempre digo, a economia precisa voltar a andar, mas em primeiro lugar, vamos tratar das vidas.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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