Com os olhos voltados para o mar

Santos, a cidade que caminha no ritmo da caridade e da liberdade, celebrou seu 478° aniversário na última sexta-feira. Em meio às felicitações, é impossível não se deixar envolver pelo calor humano que permeia cada rua, esquina e praça dessa encantadora localidade. Este espaço, repleto de encantos construídos por uma comunidade trabalhadora e dedicada, é muito mais do que seus registros no Guinness Book, seus Morros imponentes, seu Centro Histórico cativante ou mesmo o honroso título de maior Porto da América Latina. Santos é um microcosmo de memórias felizes e relações calorosas, onde cada passo ecoa uma história compartilhada.

A peculiaridade santista não reside apenas em seus pontos turísticos de renome, mas também na linguagem que molda a interação diária. O uso do pronome "tu" e a expressão "vamos para a cidade" ao se referir ao Centro são indícios desse modo de vida singular. A identidade santista vai além de marcos geográficos e se manifesta na essência de seu povo, na maneira encantadora de ser e agir que os torna verdadeiramente especiais.

Contei em outras colunas minha trajetória pessoal, marcada pelo amor à terra natal e o vínculo intrínseco com Santos. Dos primeiros passos no Colégio Santista à graduação em Direito na Universidade Católica de Santos e, posteriormente na advocacia, a escolha por trilhar minha jornada profissional e acadêmica na cidade que me acolheu desde o início. Resisti às tentações de outros centros profissionais, mantive os meus pés nas areias de nossas praias e os olhos voltados para o esplêndido mar que o nosso cantinho no mundo ostenta. Não me arrependo, em absoluto, dessas escolhas.

Posso afirmar isso sem medo de errar, pois esse caminho foi tomado bem antes de mim. A história da minha família se entrelaça com Santos quando da chegada do meu bisavô da Ilha da Madeira, que escolheu essa cidade para estabelecer raízes. Gerações se sucederam e hoje, minha filha Laura de Jesus, que nasceu e vive há nove anos aqui, personifica a continuidade desse amor. Viver este vínculo é uma maneira de afirmar identidade e pertencimento a esta terra que é mais do que um local, é um estado de espírito.

Ao refletir sobre minha história fortemente enraizada em Santos, percebo que esta cidade vai além dos cartões postais e dos registros históricos. Não estamos tratando apenas de uma cidade; é um lar coletivo, um pedaço de terra que se torna parte de cada um de nós. Em cada amanhecer contribuímos para um Brasil com uma alma mais santista, e assim, reiteramos nosso amor e gratidão. Obrigado por ser mais do que um lugar, por ser uma extensão de quem somos. Parabéns Santos!