Brenda Oliveira: um triste episódio na advocacia criminal

Brenda foi assassinada enquanto saia da delegacia

Por: Paulo de Jesus  -  03/02/24  -  07:10
Brenda foi alvo de tiros enquato saia da delegacia
Brenda foi alvo de tiros enquato saia da delegacia   Foto: Reprodução

A notícia chocante do assassinato da jovem advogada Brenda dos Santos de Oliveira ecoa não apenas como um ato de violência brutal, mas como um sinal alarmante dos desafios enfrentados pelos advogados criminalistas em seu dia a dia. O trágico desfecho ocorreu em Santo Antônio (RN), quando Brenda deixava uma delegacia na companhia de um cliente que ela representava legalmente. Este cliente, inicialmente detido sob suspeita de um crime, foi liberado devido à falta de evidências substanciais. Pouco depois, ambos foram alvo de um ataque a tiros, culminando na morte da advogada.


A advocacia criminal, muitas vezes incompreendida e subestimada, é uma profissão que transcende os limites do simples exercício do direito. Considero uma missão de vida, uma vocação que exige não apenas conhecimento jurídico, mas também coragem, dedicação e um compromisso inabalável com a justiça. Nós, advogados criminalistas, não somos meros defensores de indivíduos acusados de delitos, mas guardiões da cidadania, lutando incansavelmente pela aplicação correta da lei e pela proteção dos direitos fundamentais de cada cidadão, independentemente de sua situação legal.


O crime hediondo que ceifou a vida de Brenda não é apenas uma tragédia pessoal, mas um golpe contra toda a advocacia e, por extensão, contra a sociedade. A violência dirigida a um membro do sistema judiciário é um ataque à própria estrutura democrática e ao Estado de Direito. É imperativo que se conduza uma investigação rigorosa e que os responsáveis por esse ato covarde sejam levados à justiça, não apenas como forma de buscar justiça para Brenda e sua família, mas também como um ato de defesa dos princípios democráticos que regem nossa estrutura social.


No exercício de sua profissão, o advogado criminalista enfrenta uma série de desafios que vão além das questões jurídicas. Lidamos com pressões externas, ameaças, estigmas sociais e, em casos extremos, como o de Brenda, até mesmo com o risco de violência física. No entanto, é justamente diante desses desafios que a verdadeira essência da advocacia criminal se revela. Não podemos ser confundidos – como neste terrível episódio – como o eventual autor dos fatos.


O advogado criminalista não busca apenas a absolvição a todo custo, mas sim a verdade real e a justiça. Nós defendemos não apenas indivíduos, mas o próprio tecido social, garantindo que o sistema legal funcione de maneira justa e equitativa para todos. Isso implica em resistir ao arbítrio e às violações de direitos, mantendo sempre um compromisso inabalável com a ética e a integridade profissional. Não podemos deixar de lado a justa e reta aplicação da lei penal para sermos coniventes com atos de barbárie como este.


Num tempo em que a violência e a impunidade parecem se alastrar, é mais importante do que nunca reafirmar o papel crucial desempenhado pelos advogados criminalistas na defesa dos direitos individuais e na manutenção do Estado de Direito. A morte de Brenda dos Santos de Oliveira é um lembrete sombrio dos perigos enfrentados por aqueles que escolhem trilhar esse caminho, mas também é um testemunho da coragem e da determinação que permeiam a alma da advocacia criminal. Que sua memória seja honrada não apenas com palavras, mas com ações concretas para proteger aqueles que, como ela, dedicam suas vidas à busca pela justiça.


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