Pita: Carreira brilhante

Morando na Inglaterra, Pita hoje é torcedor fiel do Manchester City e fã incondicional de Pep Guardiola, que considera

Por: Marcio Calves  -  21/01/24  -  06:33
  Foto: Arquivo A Tribuna

O físico mudou um pouco, está mais forte. O estilo, porém, continua o mesmo. Calmo, fala mansa e uma simpatia natural, própria dos grandes que têm a humildade como uma de suas características. O reencontro foi por acaso, na Vila Belmiro, estendendo-se por uma longa conversa, lembrando jogos, viagens, brincadeiras e, obviamente, o futebol. Pita, um dos mágicos que vestiram a camisa 10 do Santos, atualmente mora na Inglaterra, mais precisamente na cidade de Milton Keynes, cerca de 40 minutos de Londres. Mas não esquece Cubatão e o Bairro Casqueiro, suas origens.


Detalhe: Pita já é cidadão inglês, com visto de residência permanente, condição que obteve a partir de sua mulher, que garantiu cidadania portuguesa. Antes do Brexit - processo que resultou na saída do Reino Unido da União Europeia -, ele se mudou para aquele país e agora vive tranquilamente por lá, ao lado também dos três filhos - duas meninas e um menino. O desafio agora é o idioma. “Já melhorei bastante, dá para quebrar o galho no dia a dia. Mas, vou melhorar mais”.


Uma pergunta era inevitável: “O filho é craque?” Em meio ao sorriso fácil, veio a resposta negativa. “Ele optou pela Medicina, hoje trabalha na área de saúde da Inglaterra, felizmente está muito bem".


A conversa rapidamente remete ao passado, mais precisamente a 1973, quando começou nas categorias de base do Santos. A chegada ao profissional foi rápida e em 1978 ajudou a construir os chamados Meninos da Vila. O time ainda está na memória, repetido sem hesitação. Ao seu lado, no meio campo, jogavam apenas Clodoaldo e Ailton Lira, outros dois craques incontestáveis. A defesa tinha Victor, Nelsinho, Joãozinho, Neto e Gilberto Sorriso. No ataque, Nilton Batata, Juari e João Paulo.


Batata está há anos nos Estados Unidos, por isso o contato com maior frequência é com Juari e João Paulo. O sucesso se deveu também, segundo Pita, a uma mescla de jovens e atletas mais experientes, uma receita que quase sempre dá certo no futebol. Um dos maiores símbolos daquele time foi Clodoaldo, tricampeão mundial com a seleção brasileira em 1970, no México. O Santos vivia um período difícil, sem títulos, com cobrança muito grande. Foi um dos grandes momentos do clube e de sua carreira.


Rapidamente, de 1978 vamos direto para 1983, quando o Santos novamente montou um grande time e terminou como vice-campeão brasileiro, perdendo para o Flamengo, no Maracanã, por 3 a 0. O time carioca era uma verdadeira seleção, com Zico, Adílio, Andrade, Leandro, Mozer e outros, mas até hoje Pita não assimilou o resultado. O meio campo do Peixe também era fantástico, contando ainda com Dema e Paulo Isidoro, além de Serginho no ataque. Na opinião de Pita, a perda do título começou no jogo de ida, quando o Santos venceu por 2 a 1. Quatro jogadores titulares levaram cartões e não puderam jogar no Rio de Janeiro.


Para muitos, a atuação do árbitro foi intencional, abalando o time do Santos. E mais: quando o Flamengo vencia por 1 a 0, Pita sofreu um pênalti claro e o árbitro simplesmente ignorou o lance, causando grande prejuízo ao Peixe. Se a falta fosse marcada, a história da partida poderia ser outra.


Na Inglaterra, hoje, Pita é torcedor fiel do Manchester City e fã incondicional de Pep Guardiola, que considera o melhor treinador do mundo. Assegura que a Premier League tem atualmente o melhor futebol do mundo, por reunir os principais jogadores e pela organização. Esse quadro eleva muito o grau de exigência, tornando o futebol inglês dinâmico e extremamente competitivo. Por isso, alguns jogadores fracassam e rapidamente são negociados para outros centros da Europa ou até mesmo retornam aos seus países. O exemplo mais recente entre os brasileiros é Scarpa, que voltou para o Brasil, contratado pelo Atlético Mineiro.


Sobre o futebol brasileiro, Pita foi bem objetivo: “Está em baixa, infelizmente”. As exceções são apenas Palmeiras, Flamengo e talvez o Atlético Mineiro. Antes de voltar para a Inglaterra e suas aulas de inglês, pretende ver alguns jogos do Santos no Campeonato Paulista. Ponderou que a nova diretoria está montando um time completo e que o torcedor terá que apoiar e ter paciência. Ao se despedir, prometeu novas visitas à Vila Belmiro para relembrar jogos, viagens e histórias que marcaram a sua brilhante carreira.


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