Novo fenômeno do tênis

Márcio Calves reúne os principais nomes do esporte nacional

Por: Marcio Calves  -  28/04/24  -  07:24
Thiago Wild é uma das novas promessas do esporte
Thiago Wild é uma das novas promessas do esporte   Foto: Reprodução

Desde que Gustavo Kuerten encerrou sua carreira, também por questões físicas, o Brasil sonha com um sucessor à altura, que efetivamente possa brigar pelo menos por um lugar no chamado Top 5 do tênis mundial. De tempos em tempos a esperança se renova, graças a resultados importantes no circuito mundial. Porém, as conquistas têm sido pontuais, nada que garanta que o Brasil produziu mais um fenômeno. Um dos mais recentes foi Thiago Wild, cuja carreira enfrentou problemas extra quadra e acabou prejudicada. Agora, porém, parece que tudo foi superado e hoje é até o melhor tenista do Brasil, está entre os 70 do mundo. Nada garante, contudo, que um dia possa brigar pela condição de número 1 do mundo, como foi Guga durante um bom tempo.


Outro exemplo é Thiago Monteiro, que já tem uma longa carreira e jamais conseguirá entrar para a história do tênis mundial. De vez em quando, com seu bom jogo de fundo de quadra, até consegue resultados expressivos. Como ocorreu na segunda rodada do Masters 1000 de Madri. Surpreendentemente, eliminou o grego Stefano Tsitsipas, número 7 do mundo. Fantástico sem dúvida, porém é difícil acreditar que irá muito longe no torneio ou no ranking mundial. Hoje é apenas o 118º. No feminino o quadro é até mais positivo, com Bia Haddad como 13ª do mundo. Tem, sem dúvida, grandes méritos, mas aos 27 anos, ao invés de pleno amadurecimento, ainda apresenta performances irregulares e falta de força mental, o que é fundamental num jogo individual. Pelo nível das concorrentes diretas, dificilmente chegará ao Top 5. Tudo indica que ainda deveremos continuar vivendo da linda história protagonizada por Maria Ester Bueno.


No masculino, parece que o Brasil está novamente produzindo um brilhante. Seu nome é João Fonseca, de apenas 17 anos, que se destaca desde o Rio Open, o mais importante torneio de tênis realizado no Brasil. De repente, causando grande surpresa, chegou até as quartas de final, tornando-se o primeiro tenista nascido em 2006 a chegar a tal etapa num torneio ATP. Entrou como convidado e acabou se tornando uma sensação por suas atuações.


Na última semana, também como convidado, entrou na chave principal do Masters 1000 de Madri, um dos principais torneios do mundo com piso de saibro. Na estreia, mais um feito: eliminou o norte-americano Alex Michelsen, número 70 do mundo, por 2 sets a 1, de virada e com direito a um “pneu”, termo usado quando o resultado é de 6 a 0. O placar final foi de 4/6, 6/0 e 6/2, na quadra 3 do moderno complexo de Caja Mágica. De quebra, tornou-se o terceiro jogador sub-18 a conseguir um pneu num torneio Master 1000. Antes apenas Andy Roddick, em Miami-2000, e Carlos Alcaraz, em Madri-2021.


Os resultados recentes chamaram a atenção dos grandes tenistas, a começar pelo fenômeno Boris Becker, que escreveu: “Que talento! Acompanhem esse espaço, pessoal”, alertando seus milhares de fãs a seguirem o adolescente carioca. Um pouco antes, o quase eterno Novak Djokovic também emitiu um sinal de alerta: “Eu o assisti jogando e ele é muito bom. Seu estilo de jogo lembra o meu”. Na mesma linha veio a sensação espanhola Carlos Alcaraz, número 3 do mundo: “Ele é muito fora da curva, o que para mim é também importante. Nas vezes em que treinamos juntos, vi que João tem uma qualidade imensa, golpes muito bons e uma força incrível para a sua idade”.


O aval público dos três indica que João Fonseca tem tudo para se tornar o novo ídolo do tênis brasileiro, seguindo os passos de Kuerten. No esporte, é comum surgirem atletas com grandes resultados, mas que com o tempo sucumbem em meio às competições, pelos mais variados motivos. Não parece ser o caso de João Fonseca e sua carreira juvenil é um forte indicativo. Em 2023, foi o primeiro brasileiro número 1 júnior do mundo. Também participou da primeira conquista brasileira da Copa Davis Juniors, junto com os tenistas Pedro Rodrigues e Gustavo Almeida. No Australian Open do ano passado, foi campeão de duplas em parceria com o belga Alexandre Blocx.


João Fonseca, apesar de jovem, também já demonstrou que tem muita personalidade e que sabe exatamente o que deseja. Depois da boa campanha no Rio Open, teve que adotar uma decisão de vida, entre efetivamente iniciar sua carreira como tenista profissional ou seguir como amador no tênis universitário norte-americano. A reflexão demorou poucos dias e, ao final, anunciou que entraria de vez no circuito profissional. A curto e médio prazos, João Fonseca - que ontem perdeu para o britânico Cameron Norrie, número 30 do mundo e dono de um estilo agressivo - vai oscilar em termos de resultados, mas é perfeitamente natural. A experiência e maturidade virão gradativamente, mas o importante é que já demonstrou grande potencial e pode muito em breve se tornar em mais um fenômeno do tênis do Brasil.


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