Em Tempo: Viver o passado

O chamado circo da Fórmula 1 viveu momentos de grande especulação nos últimos dias

Por: Marcio Calves  -  07/04/24  -  06:51
  Foto: Reprodução

O chamado circo da Fórmula 1 viveu momentos de grande especulação nos últimos dias, a partir da informação de que Sebastian Vettel pode abandonar a aposentadoria e assumir o lugar de Lewis Hamilton na Mercedes em 2025. Como sempre, as declarações foram cautelosas e enigmáticas, provocando curiosidade e muita conversa de bastidores.


Por enquanto, é bom ressaltar, não há nada oficial. O burburinho começou quando o alemão, numa entrevista à Sky Sports, disse considerar a possibilidade de retornar às pistas, interrompendo uma aposentadoria que começou ao final da temporada de 2022.


Na sequência, Toto Wolf, o poderoso chefe da Mercedes, também medindo as palavras, afirmou que o tetracampeão “é alguém que nunca se pode descartar”, alimentando ainda mais a especulação. A escuderia, é importante lembrar, tem um lugar vago para a temporada de 2025, com a saída de Hamilton para a Ferrari. Assim, pelo menos na teoria, tudo se ajusta: há um piloto fantástico à disposição, um carro que deverá ser muito competitivo em 2025 e um nome que fatalmente também acrescentará em termos de patrocinadores.


Junte-se a isso o fato de Vettel e a Mercedes serem alemães, facilitando ainda mais o acordo. Se confirmar seu retorno, Vettel não será o primeiro piloto a anunciar aposentadoria e tempos depois reassumir um lugar no grid. Outros já fizeram, como por exemplo o espanhol Fernando Alonso, que parou, se aventurou por outras categorias e voltou para a Fómula 1. E continua como um dos principais protagonistas da mais importante categoria do automobilismo mundial.


Com certeza, se confirmar o retorno, Sebastian Vettel acrescentará muito à Fórmula 1 e quem sabe proporcione o retorno de uma boa competitividade à F1. O domínio de um ou outro piloto é comum, mas é preciso um pouco mais de equilibrio na categoria.


As corridas, atualmente, por mérito da Red Bull e da categoria de Max Verstappen, se tornaram enfadonhas. Se não houver quebra de carro, como aconteceu na prova da Austrália, no dia 24 de março, o resultado é facilmente previsível, com vitória do holandês sem ninguém a perturbá-lo. Nem o seu companheiro de equipe, o mexicano Sergio Pérez, com um carro com o mesmo potencial técnico, consegue acompanhá-lo. Quando muito, chega em segundo, a uma boa distância do colega vencedor.


Na temporada atual, esperava-se que houvesse maior equilíbrio por parte da Mercedes, da Ferrari e da própria McLaren. Porém, isso só tem ocorrido nos treinos classificatórios, assim mesmo com Verstappen na pole position. Esse quadro se repetiu no grid para o GP do Japão, que ocorreu na madrugada de ontem.


A tendência é que nada mude, nenhum carro parece com potencial técnico para promover disputas que emocionem os torcedores. O anúncio prematuro da ida de Hamilton para a Ferrari em 2025, no lugar de Carlos Sainz, contribuiu ainda mais para a obviedade das provas de Fórmula 1.


Ainda que não publicamente, a Mercedes não vai mais considerar Hamilton como seu piloto número 1. A prioridade, inegavelmente, passou a ser o inglês George Russel, incluindo o acesso às evoluções tecnológicas que sempre ocorrem a cada corrida.


Nenhuma equipe trata igualmente seus dois pilotos, pelo nível técnico e pelos interesses comerciais. Basta lembrar de Rubens Barrichello e Felipe Massa na Ferrari ou até mesmo o período em que Nigel Mansell e Nelson Piquet formaram dupla na Williams.


Dos três brasileiros, Nelson Piquet foi o único a se impor, principalmente por seu alto nível técnico e pela capacidade de acertar o carro para as corridas. O desenvolvimento da chamada suspensão inteligente, ou ativa, entrou para a história. O brasileiro aceitou ser, na prática, a ‘cobaia’ do projeto, ao contrário de Mansell. Em três provas, a novidade se tornou um sucesso e a escuderia obrigou Piquet a compartilhar todos os detalhes.


Para a grande torcida brasileira, as provas têm sido ainda mais chatas. Desde Massa o Brasil não tem nenhum piloto no grid. São quase cinco anos a torcer por este ou aquele piloto, contrariando totalmente as muitas manhãs de domingo com Ayrton Senna da Silva ou Ayrton Senna do Brasil.


Atualmente, temos pelo menos dois pilotos orbitando a Fórmula 1, Felipe Drugovich, campeão de Fórmula 2, e Pietro Fittipaldi. São poucas, contudo, as chances de um deles assumir este ano uma vaga. Assim, a curto prazo só resta viver o passado e torcer para a volta de Sebastian Vettel.


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