Em Tempo: Maior esperança

O aberto de tênis da Austrália termina hoje com a final no masculino entre Sinner, italiano, e Medvedev, russo

Por: Marcio Calves  -  28/01/24  -  07:16
  Foto: Imagem ilustrativa/Moses Alex/Unsplash

O aberto de tênis da Austrália termina hoje com a final no masculino entre Jannik Sinner, italiano, e Danil Medvedev, russo. Sem Novak Djokovic, ainda número 1 do mundo, que perdeu na semifinal justamente para Sinner, que há algum tempo emite sinais de que pode ser o sucessor do sérvio e finalmente consolidar a chegada da nova geração, que há muito ameaça o que se denominou ‘big four’, grupo composto também por Nadal, Federer e Murray.


Antes do Australian Open, Sinner e Djokovic se encontraram pela semifinal da Copa Davis 2023 e o italiano venceu por 2 sets a 1. Assim mesmo, no confronto entre ambos, o sérvio ainda leva vantagem. Após a eliminação e a quebra de uma longa série invicta na Austrália, o ainda número 1 do mundo se disse “chocado” com a sua atuação. Em síntese, disse que infelizmente não conseguiu uma boa performance em quadra.


Sim, realmente não foi o quase imbatível de sempre, com bolas e reações incríveis, mas é preciso reconhecer que sua queda de nível se deveu principalmente à postura e qualidade de seu adversário. Sinner foi protagonista, se impôs durante quase toda a partida, não se intimidou sequer quando perdeu o terceiro set no tie break. Tem tudo para ganhar a final contra Danil Medvedev, tenista frio, irritante e que jamais desiste de um ponto.


No feminino, a nova rainha é a bielorussa Arina Sabalenka, que ontem literalmente esmagou a surpresa chinesa Qinwen Zheng por 2 sets a 0, em pouco mais de uma hora.


A vitória representou o bicampeonato no Aberto da Austrália, já que também venceu em 2023. E repetiu o feito da compatriota Victoria Azarenka, que venceu nos anos de 2012 e 2013. É o segundo título de Grand Slam da tenista na carreira. A campanha foi perfeita, vencendo todos os sets nos sete jogos no torneio. Ela se torna a quinta a vencer o torneio sem perder sets, igualando Serena Williams, Ashleigh Barty, Maria Sharapova e Lindsay Davenport.


Para Zheng, 15a do mundo, ficou o gosto amargo da derrota em uma final de Grand Slam, a primeira de uma chinesa em dez anos, desde o título de Na Li em 2014.


Sabalenka novamente emitiu sinais de que pode destronar Iga Swiatek, ainda número 1 do mundo. A polonesa chegou como favorita, mas foi eliminada, de virada (3/6, 6/3 e 6/4), por Linda Noskova, tcheca de apenas 19 anos, comprovando que na terra do Canguru também tem zebra. Noskova entrou no torneio como número 50 do mundo e deve melhorar bastante seu ranking.


Sabalenka tem um estilo único, rigorosamente não alivia uma bola. É sempre agressiva e corajosa, em momento algum altera seu estilo em razão de erros ou perda de pontos importantes. Na quadra, exige o máximo das adversárias, impondo o ritmo que lhe interessa e, por consequência, comandando as ações. Com a vitória na final, ficará a menos de mil pontos de Iga Swiatek, bem perto de se tornar a nova rainha do circuito.


Para o Brasil, o Australian Open foi novamente uma decepção. No feminino, no torneio de simples, Bia Haddad Maia fracassou, caindo na terceira rodada para a jovem russa de apenas 20 anos e número 170 do mundo, Maria Timofeeva. Se tivesse vencido, Bia teria chegado às oitavas de final, fase que nenhum brasileiro alcançou na Era Aberta (a partir de 1968) – nem mesmo o fenômeno Gustavo Kuerten. Guga, ex-número 1 do mundo e tricampeão de Roland Garros, disputou o Australian Open oito vezes (de 1997 a 2004), mas nunca teve muito sucesso. Só alcançou a terceira rodada uma vez.


Bia Haddad tem, sem dúvida, muitas virtudes, ninguém chega ao top ten por acaso. Porém, para se consolidar entre as melhores do mundo, precisará melhorar emocionalmente e até tecnicamente, ampliando suas variações táticas. Não pode continuar dependendo exclusivamente de seu forte forehand. Depois do jogo, numa autoanálise muito feliz, disse que dentro dela existem “duas Bias”, admitindo que ainda não consegue dominar sua mente durante os jogos decisivos. Garantiu, porém, que vai trabalhar muito para superar essa “luta interna”.


Fisicamente, parece bem, porém, continua com problemas de lateralidade, indicando que ainda não atingiu a velocidade exigida pelo tênis de alto nível. A rápida movimentação é essencial para se recompor nos pontos, evitando o controle da adversária.


Ainda no feminino, a esperança maior era Luiza Stefani, uma das boas duplistas do mundo. A brasileira, porém, foi eliminada nas quartas de final, em dupla com a holandesa Demi Schuurs, pelas cabeças de chave número 2, Su-Wel Hsieh e Elise Mertens, por 2 a 0, em pouco mais de 1h20.


Luiza entrou na Austrália como número 20 do mundo e vai subir alguns postos pela campanha no primeiro Grand Slam do ano. Se não tivesse sofrido a grave contusão no joelho, que a tirou das quadras por quase um ano, fatalmente estaria no top ten de duplas.


Por enquanto, é a nossa maior esperança de conseguir chegar ao topo do tênis mundial.


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