É a hora da verdade
A confiança cega é um risco grande do fracasso, assim como acreditar que, por ser estrela, está acima da lei
Com previsão de durar pelo menos três dias, começa nesta segunda-feira (5) em Barcelona, na Espanha, o julgamento do lateral Daniel Alves, acusado de estuprar uma jovem de 23 anos na boate Sutton em 30 de dezembro de 2022. O jogador está preso preventivamente há praticamente um ano, por receio de que pudesse fugir do país. O Ministério Público espanhol pede uma pena de nove anos de prisão, enquanto a defesa da jovem supostamente estuprada exige 12 anos de reclusão. O julgamento será presidido por uma mulher, com apoio de dois magistrados.
A situação de Daniel Alves é muito complicada, principalmente por ter apresentado pelo menos cinco versões diferentes para explicar o que ocorreu naquela noite. Na última, disse até que estava completamente alcoolizado e, portanto, não tinha controle de sua capacidade. Em outra versão, apesar de provas claras, negou até ter conhecido a jovem. Mais tarde, complicando ainda mais sua situação, admitiu que houve sexo consensual, sem violência. Essas contradições reforçam a previsão de que Daniel Alves receberá uma pena severa, encerrando definitivamente sua carreira de forma melancólica.
A jovem, no início do processo, numa demonstração forte de sua revolta, alertou sua advogada que sequer conversasse sobre a possibilidade de um acordo financeiro, para encerramento definitivo do caso. Alertou que seu único desejo era de que ocorresse justiça. Nos três dias de julgamento, serão ouvidas mais de 20 testemunhas, da defesa e da acusação. A expectativa maior gira em torno do depoimento da jovem, considerado decisivo. Um grande esquema de segurança foi montado para preservar a imagem da suposta vítima. Por tudo que ocorreu até agora, dificilmente Daniel Alves escapará de uma sentença exemplar. O caso, por envolver um atleta mundialmente conhecido e titular da seleção brasileira por muitos anos, terá acompanhamento total da mídia.
Daniel Alves, infelizmente, não foi o primeiro atleta brasileiro a se envolver em um caso de abuso sexual. Robinho foi condenado na Itália a nove anos de prisão por um episódio semelhante e só está em liberdade por ter voltado para o Brasil. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisa a possibilidade do atacante cumprir a pena no Brasil, a pedido da Justiça italiana. A exemplo de Daniel Alves, também corre sério risco de pagar pelo que fez. Escândalos como os Daniel Alves e Robinho, lamentavelmente, não ocorrem só no Brasil. De tempos em tempos, surgem noticias envolvendo atletas dos mais variados países, com acusações de agressões, ameaças e até morte.
Na essência, a explicação maior é de que, em razão da fama e dinheiro, “as estrelas” acreditam que podem fazer de tudo, sem risco de qualquer punição. Via de regra, são atletas sem nenhuma base cultural e pouca orientação profissional. O mais curioso é que maioria tem empresário e advogados, a quem caberia alertar sobre a postura pública. Na última semana, surgiu mais um caso que demonstra que a falta de preparo pessoal pode causar sérios problemas. O atacante Dudu, do Palmeiras, admitiu que sofreu um prejuízo financeiro da ordem de R$ 17 milhões, causado por seu empresário e amigo.
Segundo informações, o crime envolve ainda funcionários de um banco e de um cartório, numa rede complexa. O atacante até divulgou um aplicativo de mensagem um texto do empresário pedindo que o assunto fosse mantido em sigilo, caso contrário sua vida seria “destruída”. Dudu, é claro, ignorou e procurou a polícia, que já iniciou investigação. A movimentação indevida na conta bancária já foi constatada, indicando a possibilidade de efetivamente ter ocorrido um grande desfalque. Pelo alto valor, dificilmente o jogador conseguirá reaver seu dinh…
