O que é luxo para você?

Nesses tempos em que vivemos, viver sem anestesia é um luxo

Por: Marcia Atik  -  08/03/24  -  11:02
Produzir silencio é o melhor caminho para se escutar e validar a sua própria verdade,
Produzir silencio é o melhor caminho para se escutar e validar a sua própria verdade,   Foto: Imagem ilustrativa/Pixabay

Se para algumas pessoas a ideia de luxo se traduz em carros, joias e viagens ou num estilo de vida de ostentação, para muitos saber como se curar e cuidar da correria do dia é o máximo do luxo, pois não está ligado a status, mas sim a qualidade de vida.


Quando as pessoas chegam ao consultório, com um não sei o que me aflige, mas estou aflita, em muitos casos fica clara a necessidade de um espaço para si. Por conta de tantas obrigações e responsabilidades, acabam se desconectando de si mesmas.


Sabemos que os maiores valores da vida são muito simples e estamos a léguas de colocá-los na nossa rotina. Tempo, silencio e um pouco de solitude.


Falando em tempo, o nosso desejo é que o dia tenha 48 horas para dar conta de tudo. O que não fazemos nem pensamos é em utilizar o tempo, criando pequenos intervalos, para um gole de água com tranquilidade, dar uma volta com seu pet ou mesmo jogar 5 minutos de conversa fora. Sabemos que, se pensarmos na importância dessas pequenas ações, conseguimos nos organizar para abrir esses espaços de prazer.


Falar em solidão é falar em dor e abandono, mas preservar momentos de privacidade. Exige firmeza, mas quem sabe desfrutar da solidão ganha a liberdade de fazer escolhas e fortalece seu vínculo com a existência.


Num momento em que a opinião é forte, que o falar o que pensa é existir, o silencio vale ouro, como diz o dito popular. Produzir silencio é o melhor caminho para se escutar e validar a sua própria verdade, sem se perder no palavrório que a necessidade e a exigência de respostas para tudo nos leva ladeira abaixo.


A conexão com o mundo interior exige uma tomada de consciência de si mesma. Restabelecer a conexão com o mundo interno é um luxo, porque lá dentro do escurinho da alma tudo é potencialidade.


E finalmente valorizar o contato autentico com o outro, que vai além da conversa de passarinho, a partir de uma escuta ativa, podemos nos curar da indiferença, da invisibilidade e do medo de abrir o coração.


Muitas vezes, aparentemente, acreditamos que se não sentir e não se envolver, não temos o risco de sofrer. Precisamos aumentar nossa sensibilidade e saber que viver sem anestesia, nesses tempos que vivemos, é um luxo.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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