Sem fronteiras para investir

Marcelo Santos. Editor de Economia

Por: Marcelo Santos  -  03/02/24  -  06:43
  Foto: Imagem ilustrativa/Pixabay

Estimulados pela propaganda das corretoras e influenciadores, muitos brasileiros passaram a investir no mercado americano. A lógica não é a da debandada, mas a de manter recursos rendendo em dólar, a moeda mais forte do mundo, e em ativos da economia líder do mundo. Na prática, o que se faz é uma diversificação. Se por aqui desandar, uma parte do capital estará protegida nos Estados Unidos.


Os aplicativos das corretoras popularizaram essa internacionalização, antes exclusiva da alta renda. Entretanto, fica o desafio de escolher as melhores opções no exterior, com a diferença de que o investidor não vai estar em uma imersão lá fora, sentindo o ânimo do consumidor americano, quais marcas estão em ascensão no dia a dia e quais as medidas dos governos regionais e o federal que impactam no ganho das empresas. Uma possibilidade é contar com as casas de análise e as assessorias das corretoras, que divulgam comentários e elaboram carteiras de ativos para investir – mas não haverá sua experiência in loco para ajudar no momento da decisão.


Já há um mercado de aplicativos de corretoras voltados a brasileiros, inclusive em português, com acesso a milhares de opções, como ações e fundos imobiliários (Reits nos EUA). Há outra alternativa bem prática, os ETFs, fundos cujas cotas são vendidas em bolsa, inclusive no Brasil (é só digitar o código do fundo, assim como no caso das ações, e comprar a quantidade). Há ETFs de ações, títulos públicos americanos, metais, petróleo, agropecuários etc., mas em uma quantidade muito maior do que a oferecida no Brasil.


Será preciso enviar dinheiro pelo app. Os valores ficaram acessíveis, como algumas centenas de reais, mas pagando taxas pela conversão para dólar, não se esquecendo de possíveis tarifas para operar com bolsa.


A volatilidade do dólar aqui no Brasil vai interferir no seu saldo lá fora, além do próprio comportamento das bolsas de Nova Iorque. Se o câmbio no Brasil estiver em queda, ficará mais vantajoso para quem investe lá fora, lembrando que as regras para ganhar com renda variável não mudam, como identificar ações baratas de empresas com potencial de crescimento. Os mercados ricos são mais estáveis do que o brasileiro, mas persistem riscos, como uma companhia ser mal gerenciada ou se tornar defasada com novas tecnologias, ou ainda a economia entrar em recessão. Aí quase ninguém ganha.


Há mundo além da Taesa

A concessionária de transmissão de energia Taesa é uma das queridinhas dos caçadores de dividendos. Porém, analistas afirmam que a ação está cara (potencial de pouco ganho na valorização para quem comprar agora) e que a lucratividade poderá recuar devido à elevada carga de investimentos a serem feitos. O especialista Marcos Saravale sugere alternativas para quem busca renda (mais dividendos), como Alupar, Transmissão Paulista e Auren e, fora do segmento de energia, o BB.


Gol e Magazine Luiza abaixo de R$ 3

Enquanto entre os dias 26 e 30 a ação da Gol perdeu 55% - a da Magazine Luiza intercala altas e baixas acentuadas. O que as duas têm em comum é que custam menos de R$ 3. Porém, estão em situações bem diferentes. A Gol entrou em recuperação judicial. Já a Magalu terá injeção de R$ 1,25 bilhão para se modernizar e enfrentar a concorrência asiática. As cotações vão depender de como o mercado verá suas estratégias de levantar recursos. A Gol será via crédito e a Magalu, com captação na Bolsa.


Estratégia do pequeno investidor

Seja renda fixa ou variável, o pequeno investidor tem o desafio de saber entrar nesses investimentos na hora certa. Qualquer que seja a opção, faça pequenos investimentos mensais ao invés de esperar o momento de entrar com uma bolada, como a do 13º ou das férias. Fixe um valor médio para investir todo mês, depois de estudar seu orçamento (quanto sobra após salário e gastos). Ficar esperando a hora certa induz ao gasto desnecessário, tornando-se consumista, sob risco de não se habituar a poupar.


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