Paremos de jogar dinheiro no lixo

Você certamente conhece a expressão ‘empurrar a sujeira pra debaixo do tapete’. De certa forma, é o que a Baixada Santista vem fazendo há anos sem definir

Por: Kenny Mendes  -  31/07/20  -  12:13
  Foto: Rogério Soares/ AT

Você certamente conhece a expressão ‘empurrar a sujeira pra debaixo do tapete’. De certa forma, é o que a Baixada Santista vem fazendo há anos sem definir, de uma vez por todas, a destinação correta para o lixo produzido na região. E a corrida contra o tempo preocupa: a previsão é de que o Sítio das Neves, local na Área Continental de Santos que recebe os resíduos da maior parte dos nossos municípios (exceto Itanhaém e Peruíbe), tenha a vida útil encerrada em 2022. Não dá mais para adiar.


Uma boa oportunidade de discutirmos o assunto se dará nesta sexta-feira (31), às 17 horas, numa audiência pública que tratará do Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV) do projeto da Unidade de Recuperação de Energia (URE), empreendimento a ser instalado onde hoje funciona o aterro sanitário. Se não alterarmos o sistema ora utilizado, as prefeituras em breve terão de providenciar o transbordo do material coletado diariamente para áreas no planalto – ou seja, os custos da operação triplicariam e o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) ganharia um fluxo ainda maior de caminhões se deslocando pela serra.


A Unidade de Recuperação de Energia (URE) é uma usina de tratamento térmico que utiliza o lixo domiciliar como combustível, convertendo-o em energia elétrica. Ao contrário de apenas enterrar o resíduo em um terreno, uma solução antiquada e ambientalmente questionável, o sistema permitiria a transformação das cerca de 1.500 toneladas diárias produzidas na região em uma fonte energética e renovável.


Tive a oportunidade de conhecer uma usina semelhante em 2016, em Caieiras (SP), quando ainda era vereador em Santos. Lá são produzidos 30 MW/h de energia elétrica ao dia, o suficiente para abastecer um município de 200 mil habitantes. Um detalhe: a cidade possui cerca de 100 mil habitantes – assim, seu lixo ainda produz um excedente energético que pode ser comercializado. É um ganho duplo.


Já naquele ano fiz uma série de indicações à Prefeitura solicitando estudos para a implantação de uma usina desse tipo. Continuo lutando pela ideia na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Fico feliz em ver que, finalmente, o projeto está em vias de sair do papel. Me parece impensável, nos dias atuais, defender um modelo não sustentável, de alto custo e que não resulta em nenhuma compensação financeira.


Precisamos ser mais inteligentes. O lixo vai continuar a ser produzido, por que não revertermos em economia para a região? Em Caieiras isso foi possível. Aqui também é. 


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