No início de setembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que, por ora, não autoriza a realização da temporada de cruzeiros marítimos 2021/2022 na costa brasileira. Conforme o órgão, “as evidências de caráter sanitário e epidemiológico nos planos nacional e internacional” relacionadas à Covid-19 impedem a liberação. Foi um banho de água fria sobre o setor dos navios de turismo, que já vinha se preparando para reiniciar os trabalhos no fim do ano.
Nesta semana, encaminhei um ofício ao deputado federal Guilherme Mussi, presidente estadual do meu partido (PP), apontando uma solução possível para tentar reverter o impasse. A ideia, simples, é a retomada dos cruzeiros no Brasil ser permitida ‘somente’ para os passageiros que comprovem estar completamente imunizados contra o novo coronavírus. Mussi enviou o documento para análise do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, nesta quinta-feira (30).
A sugestão tem dois aspectos importantes. O primeiro, óbvio, é o financeiro. O próprio Ministério do Turismo avalia que a eventual temporada 2021/2022 resulte num impacto de R$ 2,5 bilhões na economia nacional, além da geração de 35 mil empregos país afora.
O segundo, não menos relevante, é sanitário: a medida ajudaria a estimular aqueles que pretendem viajar nos navios, mas ainda relutam em tomar a vacina, a fazê-lo. Em outras palavras, contribuiria para aumentar o índice de imunização contra a Covid-19 no país.
Nosso ofício propõe um protocolo sanitário em que sejam obrigatórios a comprovação de vacinação com as duas doses (ou a única) e apresentação de exame PCR-RT com antecedência de 72 horas antes do embarque. Outras exigências cabíveis: capacidade reduzida em 70% do navio; uso obrigatório de máscaras nos locais comuns; medidas de distanciamento social; e gestão de risco que emprega estratégias de triagem e teste em hóspedes vindos de países e regiões de alto risco.
Acredito que, ao aliar o desenvolvimento econômico dos municípios portuários com o resgate de um turismo comprovadamente seguro, qualquer tipo de restrição contra a retomada da temporada de transatlânticos se torna despropositada.