Quem é a favor da Lava Jato é a favor do Brasil

A operação Lava-Jato é uma conquista histórica, sinônimo da resistência do país a um sistema degradado pela corrupção, um mal que desgasta os brasileiros e destrói o Brasil

Por: Júnior Bozzella  -  24/08/20  -  11:33
Atualizado em 24/08/20 - 11:55
Operação da Polícia Federal de Roraima prende bandido em Santos
Operação da Polícia Federal de Roraima prende bandido em Santos   Foto: André Gustavo Stumpf/Divulgação/Polícia Federal

A operação Lava-Jato é uma conquista histórica, sinônimo da resistência do país a um sistema degradado pela corrupção, um mal que desgasta os brasileiros e destrói o Brasil. 


Reconhecida mundialmente como a operação de combate à corrupção mais bem sucedida que o país já teve, ela deve ser intensificada e não esvaziada. 


Na grandiosidade da Lava Jato é que mora a sua dificuldade em continuar existindo. A maior operação anti-corrupção já deflagrada no Brasil colocou atrás das grades muito peixe grande, atingiu diretamente o bolso de muito criminoso poderoso e despertou a ira daqueles que hoje tentam aniquilar a suas ações. Em março deste ano, quando completou seis anos, a operação já tinha tido 70 fases, 1.343 buscas e apreensões, 130 prisões preventivas, 163 prisões temporárias, 118 denúncias, 500 pessoas acusadas, 52 sentenças e 253 condenações (165 nomes únicos), 2.286 anos e 7 meses no total de penas. Foram ao todo 38 ações civis públicas, sendo o recorde delas em 2019 (12), incluindo as de improbidade administrativa contra 3 partidos (PSB, MDB e PP).


Os valores que tiveram que ser devolvidos aos cofres públicos são astronômicos. Foram mais de R$ 4 bilhões recuperados por meio de 185 acordos de colaboração e 14 acordos de leniência, nos quais se ajustou a devolução de cerca de R$ 14,3 bilhões.


Agora, o inimigo mora ao lado. A Lava Jato luta para sobreviver justamente contra quem deveria zelar pela sua existência. As ofensivas da procuradoria-geral da República contra a Lava Jato preocupam e reforçam uma polarização no STF (Supremo Tribunal Federal) entre a ala que reprova a atuação de procuradores e a que defende o método da força-tarefa. 


Recentemente, o decano Celso de Mello chamou a atenção pela defesa enfática que fez sobre a independência do Ministério Público. “Longe de curvar-se aos desígnios dos detentores do poder, o Ministério Público tem a percepção superior de que somente a preservação da ordem democrática e o respeito efetivo às leis desta República laica revelam-se dignos de sua proteção”, disse Mello.


As inúmeras barreiras que vem sendo impostas à Lava Jato e a perseguição aos seus principais integrantes só tem beneficiado os criminosos condenados, cujos processos correm o risco de prescrever, e os criminosos que temem serem alvo da operação, pois assim, pulverizando a lava jato todos eles podem permanecer livres para continuarem praticando seus crimes. 


Atualmente as principais ofensivas contra a Lava Jato vem sendo protagonizadas por dois nomes: o Procurador Geral de República, Augusto Aras, e outro nome muito conhecido do povo brasileiro, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Ambos vêm mostrando nítido interesse em desmontar a Operação. O que fica cada vez mais claro é que muda o governo, mas não mudam as práticas no Palácio do Planalto. Quem faz Justiça segue sendo punido com injustiça para que os criminosos poderosos permaneçam livres. 


O caso do procurador coordenador da Força Tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, é um grande exemplo de que o que está em jogo agora não é só a continuidade da Operação Lava Jato, mas a independência do membro do Ministério Público e seu direito à liberdade de expressão. O Governo precisa garantir proteção àqueles que atuam no combate à corrupção, mas tem deixado-os à mercê da fúria dos réus. Não é mera coincidência que os alvos da Lava Jato são os autores da maioria das dezenas de reclamações feitas até agora contra Dallagnol, praticamente todas rejeitadas antes mesmo se tornarem processos administrativos.


As teorias daqueles que são contra a Operação não se sustentam. É imperativo que fique claro que não cabem dúvidas quando o assunto é o combate à corrupção: quem é a favor do Brasil, é a favor do combate à corrupção e, portanto, é a favor da Lava Jato.


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