Sou um atacante

Me sinto como um atacante, foi dessa forma que consegui alguns autores, parceiros e... Vem comigo que vou contar melhor

Por: José Luiz Tahan  -  07/06/19  -  18:24
Atualizado em 07/06/19 - 18:26

Muitas vezes, e essa semana isso aconteceu novamente, me perguntam algo do tipo... Como você conseguiu publicar esse autor?


Das duas uma: ou o meu querido interlocutor me elogia, ou me subestima. Como uma livraria de única porta, numa cidade que não é Capital, e cujo livreiro, e nesse caso, editor, me atende de bermuda, conseguiu este autor?


Ora, eu sou um atacante. Ataco a bola, ou o autor/autora via e-mail, ‘uatizap’, sinal de fumaça, pessoalmente, o que estiver mais à mão, sempre que eu encontrar uma razão para isso.


Essas razões são, principalmente, a identidade que busco para o meu catálogo. Eu gosto de lembrar do escultor e seu ofício, tanto para o livreiro como para o editor. A cada martelada, esculpida, vamos dando forma à marca, mas essa escultura nunca termina, a cada pancada uma sutil transformação é sentida, e vamos avançando.


Foi assim que, no início desse século XXI, mandei um e-mail para o então editor do caderno Fim de Semana da extinta Gazeta Mercantil. Não, não era leitor da Gazeta, só do caderno que me era gentilmente entregue pelo César, um dos sócios da Livraria Iporanga. O editor do caderno era Daniel Piza, falecido há alguns anos quando tinha perto de 40 anos. Hoje ele teria 48 anos, um a mais do que eu, sim, uma pena...


Mas, voltando ao causo, escrevi um e-mail para o Daniel com o título: Convite para seu próprio evento.


Disse que já tinha convidado as pessoas, que tinha um auditório (era o Iporanga 3), que já teria seu livro e que, portanto, só faltava a presença dele, do autor.


Sei que, no dia seguinte, recebi a resposta, que era positiva. Desde esse primeiro encontro, fizemos mais alguns, e já na Realejo o Daniel também sempre que eu o convidava dava um jeito de vir.


Falando do Daniel Piza, ele fazia um texto jornalístico que hoje é raro, o do jornalismo cultural, um jornalismo preocupado em difundir referências e ampliar os sentidos do leitor em relação à literatura, cinema, música. Sinto falta do trabalho dele, das leituras dos artigos.


Sei que o Daniel também adorava futebol e dedicava também crônicas ao esporte bretão, era fã do Ronaldo Fenômeno, dentre outros. Acho que era Corintiano.


Ele, assim como eu, jogava bola, só não sei se era também um atacante. Talvez essa dúvida permaneça pra sempre. Um grande abraço, Daniel.


Obrigado pela preferência, voltem sempre!


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