Rede de intrigas e fofocas

Fala do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso aponta que repercussão do caso dos hackers presos pela PF contém 'mais fofoca do que fatos relevantes'

Por: Ivan Sartori  -  06/08/19  -  21:49
Barroso afirmou, durante palestra, que há 'mais fofoca do que fatos relevantes'
Barroso afirmou, durante palestra, que há 'mais fofoca do que fatos relevantes'   Foto: Nelson Jr./SCO/STF

Em palestra na cidade de São José dos Campos, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso se manifestou a respeito da divulgação de conversas digitais privadas entre procuradores da Operação Lava Jato e o ministro da Justiça e Segurança Sérgio Moro. Esses diálogos têm sido divulgados, de forma reiterada, por parte da imprensa, alimentada pelo americano Glenn Greenwald e asseclas. A quadrilha, como sabido, obteve acesso ao material, por meio do trabalho espúrio do réu confesso Walter Delgatti, um velho conhecido da Justiça.


Barroso se declarou “muito impressionado com a quantidade de gente que está eufórica com os hackeadores”, dizendo, categoricamente, que, “em sua percepção, há mais fofoca do que fatos relevantes”, apesar do esforço de se maximizar o ocorrido. E prosseguiu, falando que, apesar de todo o estardalhaço que se está fazendo, “nada encobre o fato de que a Petrobrás foi devastada pela corrupção”.


Cabe cumprimentar o ministro Barroso pela lucidez. Ele foi preciso ao se reportar, indiretamente, ao amplo conjunto probatório que sustenta a condenação dos envolvidos no escândalo retratado pela Lava Jato, principalmente o comandante em chefe da operação de desmonte do Brasil, Lula da Silva, ora residente e domiciliado em Curitiba, mais precisamente no cárcere da Polícia Federal.


Agora, numa nova rodada, a rede de intrigas da gangue, secundada pela imprensa, tem como alvo uma palestra de Sergio Moro ministrada em setembro de 2016, em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. O evento não estaria no sistema de cadastramento eletrônico de atividade de docência eventual do TRF4, sucedendo que o então magistrado, segundo a quadrilha, teria omitido o evento em benefício próprio, ferindo a ética e propiciando claro conflito de interesses.


Em nota, Moro explicou que a palestra foi sobre o enfrentamento da corrupção e a responsabilidade do setor privado. Na época, o evento foi amplamente divulgado na mídia. Ademais, Moro exibiu recibo de doação do valor de R$ 10 mil reais a uma instituição de caridade.


Não bastasse, o cadastro do Tribunal foi criado posteriormente, pela Resolução 10, de 9 de fevereiro de 2017. Então, não teria como o sistema apontar a palestra. Aliás, os protagonistas da falácia nem mesmo conhecem o mercado da atividade, a implicar cachês de R$ 60 a mais de R$ 100 mil, dependendo do palestrante.


A propósito, a LILS, empresa de Lula, arrecadou R$ 27 milhões em palestras ministradas, inclusive, a empreiteiras e empresas condenadas por corrupção, como a Cervejaria Petrópolis, cujo presidente acaba de ser preso. Outras empresas frequentadoras dos tribunais e já com bens bloqueados também foram agraciadas pelo hoje presidiário.


Concordo, portanto, em gênero, número e grau com o ministro Barroso. E mais, vejo com preocupação essa espécie de “catarse coletiva” que assola certos grupos ideológicos, sempre com vistas a enfraquecer a Operação Lava Jato, marco histórico de combate à corrupção. Otimista, como sempre, lanço mão do dito popular de que “a mentira tem perna curta”. Que tenha mesmo, para o bem do país! Contra fatos comprovados não há argumentos inteligíveis, quaisquer que sejam as cores partidárias.


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