Walter Theodosio Júnior

Walter completou 70 anos de vida, é casado com Anahi e pai de Bruno, e ainda segue surfando

Por: Gabriel Pierin  -  02/01/24  -  06:33
Walter Theodosio Júnior em 1969
Walter Theodosio Júnior em 1969   Foto: Arquivo pessoal

Da união de Walter Theodosio e Maria Theresa Douradinho Lopes nasceu Walter Theodosio Júnior, em Santos, no dia 9 de novembro de 1953. Descendente de portugueses, o casal se conheceu no trabalho em empresas ligadas à navegação, sediadas no Centro da Cidade.


O contato de Walter com o mar veio cedo, logo aos 3 anos. Aos 5, experimentou as ondas numa pranchinha de peito de madeira. Em 1963 o pai assumiu a Comarca de Aparecida do Norte como Promotor Público, e lá, no maior destino turístico religioso do Brasil, a família viveu de 1963 a 1965. Em 1966, nova transferência para o Interior paulista, dessa vez para a cidade de Lorena, onde os Theodosio moraram por mais um ano.


Nessa época, o pai assinava a Seleções Reader’s Digest, e foi folheando a revista que Walter foi atraído pela matéria intitulada Cavaleiros das Ondas do Mar. Na reportagem o surfista descia uma onda enorme numa tábua havaiana. Walter, que já tinha visto o movimento de madeirites nas férias de verão de 1966, pensou em praticar o surfe se voltasse para Santos.


Esse desejo se realizou quando o pai, novamente transferido pelo Ministério Público, fixou residência na Rua Rio Grande do Norte, no bairro da Pompeia. Em dezembro de 1966, ele comprou sua primeira madeirite, na cor azul, sem envergadura, por NCr$ 3. Em frente ao Posto 2, Walter tentou, mas não conseguia manter a prancha na onda. Ele vendeu e comprou uma nova, envergada, com uma pintura de A Pantera Cor-de-Rosa, pelo valor de NCr$ 5.


Em janeiro 1968, estudando no Colégio Canadá, adquiriu uma Caixa de Fósforo, de 2,20m e borda quadrada, do amigo Reynaldo Negrini. Em meados daquele mesmo ano, acompanhando os pais num casamento no Rio de Janeiro, Walter conheceu o Arpoador. No berço do surfe nacional, ele se deparou com diversas pranchas de fibra, como a Hansen, Hobie, Jacobs e a Surfboards São Conrado.


Convencidos, os pais foram até a fábrica da São Conrado e encomendaram com o Coronel Parreiras uma prancha com bordas amarelas e friso preto, modelo Joyce Hoffman, 9’6, traseira Diamond e quilha fixa. A prancha ficou pronta em agosto e foi um sucesso.


Durante sua trajetória no mar, suas maiores referências eram os surfistas do Canal 1, entre eles Santana, Melo, Fernando Alca, Bulina, os irmãos Zé Carlos e Arnaldo Duarte Lourenço, Blanco, Fernando Português, os irmãos Wolthers, Edinho e Taxinha. Destaque para Paulo Gordo, um dos melhores surfistas que Walter viu surfando.


Walter viajou muito para Juquehy e Maresias, entre os anos 1970 e 80, numa época em que era necessário observar o movimento das marés para atravessar a estrada pelas areias da Praia de Boraceia ou redobrar os cuidados para enfrentar as escarpas da Serra de Maresias até alcançar o outro lado.


Durante esse período, marcado pela ditadura no Brasil, Walter enfrentou o preconceito como estudante na Faculdade de Engenharia de São José dos Campos, quando foi desestimulado a praticar o esporte pelo professor de Educação Física, ou mesmo depois como engenheiro eletricista/eletrônico formado e trabalhando em grandes e renomadas indústrias, ao ser aconselhado a trocar de esporte para alcançar sucesso na carreira.


Se durante a juventude Walter foi apenas um espectador dos primeiros campeonatos de surfe na região, o mesmo não se pode dizer sobre sua presença nos últimos anos. A partir de 2005, com o advento do Santos Surf Festival, Walter participou ativamente dos torneios e do surgimento do Pioneiros Surf Club, confraternizando e valorizando a história. Em 2007 e 2008, os eventos da quebra de recorde do maior número de surfistas, sobre uma mesma onda, contou com a presença de Walter Theodosio entre os recordistas.


Walter completou 70 anos de vida, é casado com Anahi e pai de Bruno, e ainda segue surfando.


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