Histórias do surfe: Thyola da Lightning Bolt

Da união das famílias italianas Chiarella e L’Abbate descende Francisco José Chiarella

Por: Gabriel Pierin  -  06/02/24  -  06:34
Thyola segue surfando até os dias de hoje
Thyola segue surfando até os dias de hoje   Foto: Reprodução

Da união das famílias italianas Chiarella e L’Abbate descende Francisco José Chiarella. Conhecido no mundo do surfe como Thyola, o filho de Madio e Ana Maria nasceu em São Paulo, no dia 21 de junho de 1952.


O apelido de infância acabou se tornando uma assinatura em seus quadros e pranchas, produção que iniciou ainda nos tempos de faculdade, quando cursou Arquitetura e Urbanismo no Centro Universitário Braz Cubas, em Mogi das Cruzes.


Sua relação com o mar começou na década de 1960, durante as férias escolares no Guarujá. Nesse período, Thyola, estudante do Colégio São Luís, conheceu um carioca que usava uma prancha de madeirite. Foi assim que ele surfou sua primeira onda de pé, de olho nas pranchas Glaspac que já se destacavam na praia. Não demoraria para que o pai realizasse o desejo dos filhos Giacomo Daco, Thyola e Madinho e comprasse duas delas para eles revezarem.


Em 1969, Thyola aprendeu a trabalhar com resina poliéster, realizando consertos em pranchas de amigos. Antônio Brito, um deles, sugeriu que os dois fizessem uma prancha juntos. Nascia a Moby Boards, na garagem da casa de Antônio, no Jardim Paulistano, em São Paulo.


Na década seguinte, ele ingressou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, período em que pintou quadros. Após uma tentativa frustrada de expor na Bienal de São Paulo, Thyola acabou vendendo os três quadros e com o dinheiro pagou a sua primeira surftrip para o Peru, em 1972.


Dois anos depois, Thyola trancou a matrícula na faculdade e viajou pelas Américas para buscar melhores ondas. Ao lado de Brito, Vilardi, Sidão Tenucci e Zé Roberto Rangel, seguiu as ondas pelo Peru, Equador, Panamá, Costa Rica, El Salvador e México, até chegar a Los Angeles.


Durante um período em Santa Mônica, na Califórnia, Thyola realizou alguns trabalhos na Wilken Surfboards, onde viveu uma incrível experiência na laminação de pranchas, ocasião em que conheceu Pat Rawson de quem ganhou um shape feito por ele.


Voltando ao Brasil, Thyola se associou a Mark Jackola na fabricação das pranchas Lightning Bolt. Jackola estava em São Paulo e havia feito uns shapes para Ricardo Ferraz que já conhecia Thyola do surfe e da Moby.


O surfista terminou a faculdade, mas priorizou o surfe, decidindo-se pela mudança para o Guarujá. Ele iniciou com uma oficina de consertos na Praia das Astúrias, num terreno ao lado do Edifício Tendas, até construir sua primeira fábrica, na Rua Brasil, 276, no Bairro da Água Funda, na Praia de Pitangueiras. Em 1976 na sua primeira viagem para o Havaí, Thyola conheceu Barry Kanaiaupuni e toda a equipe da Lightning Bolt. Em 1979, convidado por Jack Shipley, um dos criadores da marca Lightning Bolt ao lado de Gerry Lopez, Thyola julgou campeonatos de surfe na Austrália.


Em 1990, Thyola inaugurou sua nova fábrica, na Rua do Sol, no Guarujá, com grandes shapers nacionais e internacionais, entre eles o havaiano Eric Arakawa e os brasileiros Neco Carbone, Paulo Rabello, Coquinho e Juquinha. Na nova fábrica, além da Lightning Bolt, foram produzidas pranchas das marcas OP, Town & Country, Hang Loose, Nativas, HIC, NEV, Wagon e Billabong. A Island Magic, pertencente ao irmão Madinho e seus sócios Danny Boi, Fernando Chivas e Zezinho Rego foram os responsáveis pela surfwear da Lightning Bolt.


Thyola é pai de Nayana, que vive na Suécia, e de Natálya, formada em Farmácia pela UniSantos e campeã brasileira de patinação artística. Ele continua surfando, fabricando pranchas Lightning Bolt e acumulando muitas histórias.


Acompanhe nossas publicações nas redes sociais @museudosurfesantos. Coordenador de pesquisas históricas do Surfe @diniziozzi - o Pardhal


Tudo sobre:
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter