Um novo ano para o planeta

Com mercados internacionais mais exigentes, será impossível ignorar a urgência de “mover a agulha” da sustentabilidade

Por: Flavia Maya  -  09/01/24  -  06:27
No final do ano passado, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28)
No final do ano passado, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28)   Foto: Frame/COP28/United Nations Climate Change

Estamos na segunda terça-feira de 2024. É o 9º dia do mês de janeiro, mas ainda desejamos Feliz Ano-Novo aos amigos e conhecidos que encontramos pela primeira vez desde 2023. Além de simpática, essa prática me parece também uma forma de estender um pouco o clima da virada do ano. A celebração, o cheiro de caderno novo, a caneta com tinta cheia para gastar. O dia 1º de janeiro parece nascer junto às promessas e resoluções gestadas no mês anterior (provavelmente no limbo entre o Natal e o Ano-Novo). Eu não julgo – aliás, faço igual.


Mas, junto com as resoluções, pelo menos para mim, veio uma constatação. Estamos em 2024, ou seja, 30% da década atual já passou. Vivemos, construímos, avançamos e colocamos mais três tijolos na estrutura da humanidade. E do jeito que estão, eles permanecerão para suportar os demais que estão por fazer. Em geral, nós vivemos a vida olhando para as promessas, planos e resoluções, sempre renovados ou atualizados, sem um prazo final. O momento em que vivemos globalmente, contudo, pede que olhemos para cada ano como uma oportunidade insubstituível de mudar a forma como conduzimos a nossa existência no planeta.


No final do ano passado, tivemos a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), que resultou em um compromisso internacional de transição energética, celebrado em 13 de dezembro. Prevendo um aumento de disponibilidade de energias renováveis até 2030, o compromisso estabeleceu ainda a obrigação de abandono do uso de energia fóssil até 2050. A resolução foi apelidada de “O início do fim da era de energia fóssil”. Contudo, especialistas questionam se a humanidade suportará o prazo de 27 anos para o “fim do fim” dessa longa era.


Em todo caso, a COP28 deu o seu recado e passou ainda uma mensagem importante: a iniciativa privada será a grande força motriz dessa mudança. O recado foi recebido de forma variada pelos diversos setores. Enquanto segmentos mais regulados podem ter internalizado com mais facilidade esse papel, outros questionam se as corporações não estariam suportando um peso excessivo nessa transição.


A discussão ainda deve avançar, mas uma coisa é certa: a iniciativa privada precisará se adequar a novos parâmetros, em especial empresas que atuam globalmente. Com mercados internacionais cada vez mais exigentes, será impossível ignorar a urgência de “mover a agulha” da sustentabilidade. Apesar disso, é preciso que as entidades governamentais e reguladoras atuem de forma a facilitar e priorizar projetos de sustentabilidade – em especial aqueles que tenham como propósito o atingimento das metas climáticas estabelecidas pela COP28.


Assim como no nível pessoal, as corporações começam o ano com suas metas e resoluções. Mas para que a iniciativa privada possa viabilizar mudanças efetivas, é fundamental que haja diretrizes adequadas e incentivo. O passar dos anos é inegociável e a estrutura que está em pé não poderá ser movida. Contudo, com diligência, firmeza, ambição e pragmatismo, talvez possamos ajustar nossas práticas e reforçar uma estrutura que de fato suporte a longevidade dos recursos do planeta e da humanidade. Um ano de cada vez.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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