DNA brasileiro

O Ano-Novo dobrou a esquina e agora a gente já enxerga, na próxima quadra, as cores, plumas e paetês

Por: Fernanda Lopes  -  06/01/24  -  06:26
  Foto: pIXABAY

O Ano-Novo dobrou a esquina e agora a gente já enxerga, na próxima quadra, as cores, plumas e paetês. Já dá para ouvir os tamborins, repiniques e pandeiros. O Carnaval vem logo aí.


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Prefiro quando janeiro já logo começa com essa atmosfera do DNA brasileiro. Parece que tudo se encaixa. Sabe aquela velha história de que o ano só começa depois do Carnaval... Pois quando o calendário joga a folia para perto de março, tudo fica meio fora da ordem. Este ano (um viva a isso), ele vem logo no segundo fim de semana de fevereiro.


Aqui em Santos, onde os desfiles acontecem uma semana antes e com transmissão ao vivo pela TV Tribuna, a contagem regressiva é ainda menor. Hoje, aliás, tem festa com muito samba da melhor qualidade para anunciar o Carnacentro.


Mas há lugares em que o Carnaval emenda com a festa da virada. Certa vez, minha irmã Fanie, quando ainda era universitária, foi passar a folia em Salvador. Para pagar mais barato nas passagens, ela embarcou para lá duas semanas antes. Começamos a achar que ela iria morar por lá, quando duas semanas depois da Quarta de Cinzas ela ainda não havia voltado. É mais do que festa, é cultura e é emprego e renda.


Tenho uma prima que mora em Olinda, um dos lugares onde o Carnaval mantém tradições e cujas ladeiras são tomadas por bonecos gigantes, blocos coreografados e gente que vem de todo canto para presenciar uma das mais animadas festas de rua do mundo. Tudo isso exige ensaio, planejamento, organização. Não é só sair pulando. E isso leva praticamente o ano todo.


Além dos blocos organizados, oficiais, há os grupos de amigos que a cada Carnaval inventam fantasias irreverentes e criativas. O que não falta no brasileiro é isso. Ainda mais no Nordeste, uma potência artística. Um desses grupos, de 12 amigos, minha prima contou, se fantasiou no último ano de Cisne Negro. Porém, para dar aquela pegada divertida brasileira, o integrante principal se transformava em galinha preta no meio da festa. Onze marmanjos fantasiados de cisnes brancos e um de negro, ainda passando por uma metamorfose. Um show à parte. E o Carnaval, no País todo, é recheada desses shows à parte, dessa irreverência.


Sou uma fã de sambas-enredo. Em terras cariocas, este ano, está fazendo sucesso o da Mocidade Independente de Padre Miguel. Viralizou geral e já lidera o Spotify no Rio. De autoria de Marcelo Adnet, tem refrão fácil e exalta o pé de caju.


Esse Adnet é mesmo um fenômeno. Consegue se expressar artisticamente e, com êxito, em muitas vertentes. Tem aquele toque de Midas que poucos possuem. Além disso, exala aquele espírito carioca da abordagem mais leve e divertida até para assuntos complexos e sérios.


Muitos sambas deste ano abordam questões relevantes, como o Salgueiro, com a mortandade dos Yanomâmis e a Grande Rio, com a preservação da onça amazônica. Já sei que irei me emocionar com a Mangueira, que homenageará a grande Alcione. Só a voz da Marrom no início da música já arrepia. Um samba na boca do povo é meio caminho andado para o título. Para quem gosta de Carnaval, vale começar a curtir toda essa atmosfera desde agora, seja em clima de forró, axé ou maracatu, ao samba e pagode. Para quem não gosta, recomendo um retiro, porque não tem jeito, esse é o DNA brasileiro e está por toda parte.


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