Terroristas podem afetar comércio internacional

Desde o início da guerra, o movimento Houthi declarou o seu apoio ao Hamas e tem atacado os navios

Por: Eliane Octaviano Martins  -  29/12/23  -  06:30
  Foto: Pixabay

O aumento de ataques a navios comerciais no Mar Vermelho pelo movimento Houthi, a partir do Iêmen, poderá interferir no comércio internacional.


Desde o início da guerra, o movimento Houthi declarou o seu apoio ao Hamas e tem atacado os navios que trafegam no Mar Vermelho, rota estratégica pela qual se chega ao Canal de Suez. O grupo tem utilizado drones e mísseis antinavios para atingir navios comerciais e alega que os ataques são uma resposta ao ataque de Israel à Faixa de Gaza.


Com a intensificação dos ataques nos últimos dias, MSC, Maersk, CMA CGM e Hapag-Lloyd, as maiores empresas de transporte de contêineres do mundo, anunciaram que suspenderão temporariamente suas viagens pelo Mar Vermelho e o Canal de Suez.A medida também foi adotada pela petrolífera BP, fazendo com que os preços do petróleo e do gás subissem nos últimos dias.


O Canal de Suez representa 12% do comércio marítimo mundial e é uma das rotas mais estratégicas do mundo.


O desvio de uma das rotas marítimas mais importantes no comércio global de matérias-primas, petróleo e gás e de bens de consumo afetará a cadeia logística e o abastecimento global.


Ao evitar a rota, os navios devem contornar a África, aumentando a viagem em até 30 dias, o que acarreta aumento do preço do frete e do seguro marítimo. No âmbito do mercado de seguro para o transporte marítimo, já há reflexos significativos. De acordo com a Lloyd’s List Intelligence, os preços dos seguros que contemplam as rotas no Mar Vermelho aumentaram consideravelmente, chegando a 250% de elevação para as companhias marítimas israelenses.


Neste cenário, as empresas provavelmente irão transferir o aumento dos custos para o consumidor final, causando um “efeito cascata” na economia, elevando a inflação e reduzindo, consequentemente, o poder de compra da população em um momento crítico para os governos que implementam medidas de controle de inflação pós-pandemia.


O movimento Houthi tem alertado que qualquer navio que transitar pelo Mar Vermelho e pelo Golfo de Aden é um alvo e reivindicado novos ataques contra navios que adentrarem a região.


Considerando essa constante ameaça, os Estados Unidos e seus aliados anunciaram uma nova força-tarefa naval multinacional composta pelo Reino Unido, Bahrein, Canadá, França, Noruega e outros, para “enfrentar o desafio colocado por esse ator não estatal” que “ameaça o livre fluxo de comércio, põe em perigo inocentes marinheiros e viola o direito internacional”.


AMarinha dos EUAafirma que esta é uma importante tarefa para preservar o comércio marítimo mundial, mas não tem informado quais os sistemas de armas seus navios estão usando contra os ataques Houthi.


Especialistas têm informado que um destróier americano tem uma série de sistemas de armas à sua disposição, como mísseis terra-ar, projéteis explosivos e sistemas de armas de curta distância. Também dizem que os navios dos EUA têm capacidades de “guerra eletrônica” que poderiam romper as conexões entre os drones e seus controladores em terra. O principal ativo da Marinha dos EUA é o contratorpedeiro de mísseis guiados.


Os Houthis afirmam que só cederão quando Israel permitir a entrada de alimentos e medicamentos em Gaza. Para 2024, só nos resta ter esperanças de dias melhores...


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