Ataques houthis e a segurança da navegação

Tripulação de navios que trafeguem nas zonas de alto risco, que recebam, no mínimo, o dobro do pagamento

Por: Eliane Octaviano Martins  -  23/02/24  -  06:34
  Foto: Pixabay

Os ataques a navios comerciais no Mar Vermelho pelo movimento Houthi do Iêmen têm se intensificado nos últimos meses, gerando sérios impactos no comércio internacional e resultando em prejuízos para a indústria shipping.


Integrantes de um “Eixo de Resistencia” apoiado pelo Irã, os houthis se uniram em apoio aos palestinos desde que o Hamas atacou Israel. Utilizando drones e mísseis antinavios, os ataques dos houthis afetam o acesso ao Canal de Suez, uma das rotas mais importantes do mundo. Como estratégia, as empresas têm alterado suas rotas para evitar os locais de ataque, acarretando aumento das distâncias percorridas e limitando a capacidade de transporte de mercadorias.


O desvio de uma das rotas marítimas mais importantes no comércio global de matérias-primas, petróleo e gás e de bens de consumo afetou a cadeia logística e o abastecimento global, aumentando do preço do frete e do seguro marítimo, inclusive com aumento nos prêmios de seguro de risco de guerra, e impactando as entregas de gás natural liquefeito (GNL).


Além dos impactos econômicos relacionados aos custos e o tempo de viagem, nesta semana, o movimento Houthi assumiu o ataque ao navio Rubymar, contra o petroleiro britânico Pollux (de bandeira panamiana e propriedade dinamarquesa) no mar Vermelho, atingido por vários mísseis, e contra dois outros navios norte-americanos.


Os ataques, principalmente o envolvendo o navio Rubymar, aumentam consideravelmente as tensões e as preocupações com a segurança marítima global e impactam ainda mais o comércio e a economia no Mar Vermelho. O navio Rubymar, de bandeira britânica, carregava fertilizantes e foi seriamente danificado após o disparo de dois mísseis vindos do Iêmen. Devido aos danos extensivos sofridos pela explosão, fontes da Sky News Arabia relatam que o ataque resultou em seu naufrágio no golfo de Áden. A tripulação foi evacuada e deixou a embarcação. Não houve vítimas.


Em resposta aos ataques, as forças dos EUA e do Reino Unido realizaram umbombardeio no Iêmenparaatingir alvos Houthi como uma resposta direta à ameaça representada à “liberdade de navegação numa das vias marítimas mais vitais do mundo”.


Embora não se tenha informações sobre vítimas nos navios atacados pelos houthis, a preocupação com a segurança da navegação e com a vida a bordo é crescente. Os trabalhadores marítimos estão em constante perigo e algumas entidades têm apresentado propostas e orientado que tripulantes se recusem a prestar serviços em navios que trafegam em áreas de risco ou que haja compensações financeiras. Ao integrar a tripulação de navios que trafeguem nas zonas de alto risco, que os tripulantes recebam, no mínimo, o dobro do pagamento, dentre outras vantagens que têm sido negociadas.


Há que se considerar, porém, que medidas de gestão de segurança da navegação devem considerar não só a segurança da vida a bordo, mas também a da carga e a preservação do meio ambiente, pilares fundamentais da equação econômico-social-ambiental dos preceitos de sustentabilidade. A possibilidade de acidentes que venham a causar danos ao meio marinho também é constante. O navio Rubymar e o petroleiro Pollux poderiam causar severos danos ao meio marinho.


Até a presente data, nenhum ataque resultou em vítimas ou danos ambientais, mas a agressão contínua contra o transporte marítimo mundial mantém os tripulantes em condições potencialmente letais e o meio ambiente em permanente risco. Crônica de uma tragédia anunciada?


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