Meus amigos, hoje o assunto é surfe. O anúncio da despedida do Adriano de Souza, o Mineirinho, me fez voltar no tempo. Como é legal quando a vida te dá oportunidades de ver o início da trajetória de um campeão. Foi assim comigo.
Quando foi criado o Circuito A Tribuna de Surfe colegial eu costumava passar o dia na praia acompanhando todas as baterias da competição. Nem faz tanto tempo assim, mas parecia que o ritmo da vida era outro. Era o tempo que a gente acompanhava conversava com os amigos, porque o “ZAP ZAP” não exisitia para atrapalhar o velho e bom bate-papo.
Ali, na beira da praia, eu via aqueles garotos surgirem empolgados, e para quem nunca foi um especialista, lá eu ia correr atrás do Marcus Bukão, do Mauro Rabelé e do super campeão Picuruta Salazar para perguntar se aqueles meninos tinham futuro. E logo numa das primeiras edições do Circuito surge aquele garotinho carequinha arrasando nas ondas de Guarujá. Fui atrás do Bukão, que é um cara que eu adoro e respeito demais. O que você acha desse Adriano, Bukão? Com o conhecimento de quem sabe tudo de surfe, ele foi direto. “Esse moleque é bom demais. Se nada atrapalhar, ele vai longe”. Por dessas coincidências da vida entrevistei o Mineirinho depois de uma das baterias que ele venceu.
O meu amigo Fábio Maradei, que conhece muito de surfe, estava lá e o entrevistou também. Vimos de perto aquele novo talento. Era uma criança ainda. Não vou escrever aqui que eu já sabia que ele seria campeão mundial. Eu nem tinha, e continuo não tendo, conhecimento para isso, mas as palavras do Bukão ficaram guardadas na minha memória.
O menininho cresceu, ganhou o mundo, mas sem perder as origens. Duas características dele sempre me chamaram a atenção. A perseverança e a humildade. Perseverança porque ele tomou coragem e rodou o mundo com suas pranchas, desafiando ondas e adversários mais famosos. Humildade, que ele mantém até hoje e demonstra em cada entrevista. Na gratidão eterna ao irmão Ângelo que comprou a primeira prancha do Mineirinho por 30 reais. Aos pais e aos amigos. O Adriano de Souza é o tipo de ídolo que eu admiro. Que nunca mudou. Antes e depois dos títulos.
Foi campeão mundial e não virou estrela. Agora que ele já anunciou a despedida para o próximo ano fiz questão de escrever sobre esse esporte que o Brasil domina. Gosto de ver, torço pelos surfistas da região, e pelos brasileiros em geral, mas nem sempre consigo acompanhar os campeonatos. A exceção foi a final do Mineirinho. Nesse dia eu vi tudo. Faz muitos anos que eu tive a sorte de entrevistar o garotinho sonhador de Guarujá.
Nunca mais o vi pessoalmente. Confesso, que gostaria de reencontrá-lo um dia. Só para dizer o meu muito obrigado, por tudo que você fez pelo surfe do Brasil. Valeu, Mineirinho.