Histórias do Carnaval: Seu Salário, inspiração para a Amazonense

Com 91 anos de idade, ele ainda se dedica a construir e montar carros alegóricos

Por: Eduardo Silva  -  29/01/23  -  06:36
Pelo nome de batismo, muitos podem não o reconhecer
Pelo nome de batismo, muitos podem não o reconhecer   Foto: Reprodução

Carnaval é paixão. Muitas pessoas passam a vida inteira dedicadas a uma escola de samba. Existem muitas histórias assim. Homens e mulheres que vestem mesmo a camisa de uma agremiação. Até aí, tudo bem. Mas quantas pessoas você conhece, com 91 anos de idade, que ainda se dedicam a construir e montar carros alegóricos?


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O repórter Leandro Sampaio, da TV Tribuna, foi encontrar Wallace Rocha na tradicional escola de samba Mocidade Amazonense. Pelo nome de batismo, muitos podem não o reconhecer, mas, com o apelido de Salário, ele é uma lenda do Carnaval de Guarujá.


Seu Salário é uma referência entre os componentes da escola. Para ele, não tem tempo ruim. Está sempre no barracão com as ferramentas para qualquer emergência. “Se me chamam para ver um carro alegórico, eu venho. Se me chamam para desfilar, eu vou”.


Seu Salário ganhou esse apelido quando tinha apenas 13 anos. “Eu trabalhava numa carpintaria naval e só recebia ajuda de custo, de seis em seis meses. Aí, passou o tempo, eu não recebi e fui cobrar do patrão. Ele me deu uma bronca e fui chorar num canto. De repente, vem um encarregado da firma gritando ‘salário, salário’. Eu não entendi, mas era comigo mesmo, porque eu fui cobrar o dono. Por causa dessa história, o apelido pegou”.


Seu Salário chegou à escola em 1986, quando o filho, William Rocha, era o presidente da Verde e Branco de Guarujá. “Ele revolucionou a escola. Fez muitas coisas boas para a Amazonense. Aí, eu comecei a frequentar o barracão e, como minha profissão é de marceneiro, eu passei a cuidar de tudo. Primeiro, fazia os tripés. Depois, os carros alegóricos. É uma satisfação, porque os carros ficam muito bonitos”.


Discreto e modesto, vai conversando com os parceiros de trabalho e vai falando da rotina na Mocidade Amazonense. “Eu me sinto bem, é uma coisa que eu gosto de fazer. Quando não tem carro alegórico, faço outros trabalhos manuais com madeira. Faço tudo com muito carinho. Mexer com madeira é comigo mesmo”.


O vice-presidente da Amazonense, Ousacir Francisco, o Guerreiro, faz questão de enaltecer o trabalho de seu Salário. “Ele tem uma importância muito grande para a escola. Todo ano, faz o acabamento dos carros. Ele é caprichoso. Tem imaginação. Não podemos perdê-lo. Entende tudo de carpintaria. É um craque”.


Seu Salário ainda não sabe se vai desfilar, mas tem uma certeza: o amor pela escola e pelo Carnaval. “Eu gosto de Carnaval. Eu, vendo o povo se divertindo, fico feliz. Isso aí me enche de alegria, e eu sigo fazendo a minha parte”.


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