Histórias do Carnaval: o eterno Rei Momo de Santos

Na última coluna, uma homenagem a Waldemar Esteves da Cunha

Por: Eduardo Silva  -  19/02/23  -  06:28
Waldemar Esteves da Cunha, o Rei Momo mais famoso da região
Waldemar Esteves da Cunha, o Rei Momo mais famoso da região   Foto: Cândido Gonzalez

Alô, povo do samba! Na última coluna Histórias do Carnaval, a nossa homenagem ao rei Momo mais famoso que a nossa região já conheceu: Waldemar Esteves da Cunha, o primeiro e único, como era chamado pelos foliões nos desfiles ou salões de Santos.


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Durante muito tempo, ele também foi reconhecido como o rei Momo que ficou pelo mais longo período no cargo em todo o País. Waldemar caiu na folia aos 13 anos, saindo em blocos carnavalesco do Bairro Campo Grande. Apaixonado por essa grande festa popular, partiu para a tradicional festa da Dona Dorotéia, vamos furar aquela onda, quando vários participantes se jogavam no mar, no final da festa, no trampolim em frente ao Saldanha da Gama.


A partir daí, Waldemar – que já era conhecido pelas pessoas que participaram do evento do Tricolor da Ponta da Praia – ficou ainda mais famoso em 1950, quando ganhou o concurso para rei Momo do antigo jornal O Diário. Ele reinou absoluto por muitos anos. Em 1991, passou a coroa para Dráuzio da Cruz, mas voltou entre 2000 e 2001 para finalizar o reinado.


Em qualquer época, qualquer pessoa que conviveu com Waldemar fazia questão de enaltecer seu jeito alegre, gentil e cuidadoso com todas as rainhas e integrantes da Corte Carnavalesca. Waldemar era protético de profissão, mas tinha vocação mesmo para alegrar as pessoas e levar um sorriso aberto e muito carinho a todos que brincavam o Carnaval. Ele morreu em 2013, aos 92 anos, mas jamais vai ser esquecido como um dos grandes nomes do nosso Carnaval.


Joana D'Arc de Almeida voltou a desfilar no Carnaval deste ano
Joana D'Arc de Almeida voltou a desfilar no Carnaval deste ano   Foto: Fernando Godoy/Divulgação

A Rainha


Uma das rainhas que brilharam ao lado do rei Momo Waldemar Esteves da Cunha foi Joana D’Arc de Almeida, que reinou no ano de 1982. A história de Joana é bem curiosa. Antes de vir para Santos, ela foi coroada rainha do Carnaval de Araçatuba (SP), em 1974, aos 17 anos. Como o pai era músico e enfrentava dificuldades financeiras, ela tomou a decisão de sair do Interior e seguir para São Paulo. Trabalhou como empregada doméstica na Capital e nos fins de semana ia jogar basquete no ginásio da Federação Paulista. Lá conheceu o saudoso professor Milton Ruiz, que a indicou para defender o Clube Atlético Santista.


Joana D’Arc se dedicou ao esporte e não queria mais saber de Carnaval, mas foi inscrita pela Sabesp e pelo Bloco Bola Alvinegra para a disputa por uma vaga na Corte Carnavalesca. “Eu vencei pela garra, energia e amor pelo samba”. Ela ainda chegou a ser miss Simpatia no concurso de São Paulo e voltou a ganhar em Araçatuba, mas nunca esqueceu do reinado ao lado de Waldemar Esteves da Cunha. “Que saudade daquele rei maravilhoso. Ele não era apenas um rei. Era um pai das rainhas. Protetor, nos orientava. Dizia que rainha precisava ter postura e disciplina”.


Ela sempre deu grande valor para os estudos. Formou-se na Faculdade de Educação Física de Santos ( Fefis). Em 1988, recebeu um convite para se apresentar na Suíça. Casou e ficou na Europa. Hoje, mora em Paris e continua estudando. Fala inglês, francês e estuda alemão, mas nunca esqueceu o amor pelo Carnaval. Joana gosta tanto de samba que aceitou o convite da Imperatriz Alvinegra e foi desfilar em homenagem ao Mestre Bará, na Passarela Dráuzio da Cruz, no último final de semana. Essa é Joana D’Arc, cheia de vida e de amor pela folia.


Rubens Gordinho é um dos compositores do samba deste ano da Império Serrano
Rubens Gordinho é um dos compositores do samba deste ano da Império Serrano   Foto: Divulgação

Talento santista na Sapucaí


O Império Serrano vai abrir a primeira noite do Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. A escola que vai homenagear o grande sambista Arlindo Cruz, que sofreu um AVC em 2017, vai entrar na Marquês de Sapucaí neste domingo (19), às 22 horas. Será a volta do Império à elite do Carnaval carioca. O samba que caiu no gosto dos cariocas e dos simpatizantes da escola da Serrinha tem como um dos compositores o santista Rubens Gordinho.


Ele foi convidado por Sombrinha, que também é aqui da Baixada Santista, e é um dos melhores amigos do homenageado. Gordinho começou na X-9, mas também já foi campeão em 1991, com o enredo Mãe África pela Brasil. Depois subiu a Serra para concorrer, com seus parceiros Baby, Clóvis, Barbosinha e Santaninha, na Nenê de Vila Matilde. Lá, ele e os amigos ganharam nove sambas, com cinco premiados com o Troféu Nota 10, do jornal Diário de São Paulo.


Em 2001, os compositores santistas foram campeões no Anhembi com Voei, Voei. Na Vila Aportei, Onde me Deram uma Coroa de Rei. Gordinho já tocou com Arlindo e Sombrinha quando eles tinham uma banda. No Rio, vai ser a segunda vez que Gordinho emplaca um samba campeão. A primeira foi quando estava no grupo de compositores que faturou o samba-enredo na Grande Rio para homenagear Ivete Sangalo, em 2017.


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