ALÔ, POVO DO SAMBA.Quem gosta de conhecer os bastidores do carnaval pode seguir o site, que traz entrevistas e curiosidades com todos os eventos que antecedem o desfile oficial. A equipe é formada por Nei Sposito, responsável pelas imagens e pela edição, Izildo Santos Pereira, nas reportagens, e Marcelo Guedes, na coordenação do site.
Eterno mestre-sala
Ele nasceu no samba. Jadir Muniz de Souza fez história nos desfiles de carnaval de Santos. Durante 19 anos foi o mestre-sala da pioneira X-9 substituindo o ídolo dele, o saudoso Nahum Caetano. Ainda desfilou um ano pela Mocidade Amazonense, de Guarujá. Filho do Marechal do Samba, J. Muniz Jr, desde os 4 anos Jadir ia para o Rio de Janeiro e acompanhava o pai e a mãe Marli pelas quadras da Mangueira, Salgueiro, Império Serrano e Portela.
O menino Jadir teve a sorte de presenciar as conversas do pai com Cartola e Mano Décio da Viola. Nessas visitas também era comum encontrar Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Tia Zica (mulher do Cartola) e Tia Neuma.
“Eu aprendi muito com essas idas às quadras do Rio de Janeiro. E desde muito cedo, meu pai conta que nos ensaios eu já me encantava com a apresentação dos mestres-sala. Na época eles se apresentavam com um lencinho na mão, e meu pai lembra que eu pegava qualquer saquinho de pipoca e ficava imitando os mestres. Aí foi a minha grande paixão”.
Fã do notável dançarino, o Mestre Delegado, da Mangueira, e da histórica porta-bandeira Vilma Nascimento, da Portela, Jadir tinha mesmo que brilhar na passarela do samba. Além de frequentar as quadras cariocas e vivenciar momentos históricos da X-9, em pleno Macuco, Jadir ainda guarda, com muito carinho as histórias contadas pelo pai, J. Muniz o maior conhecedor do samba santista.
“Ele me contou o dia que a X-9 se apresentou no Rio de Janeiro. Pela amizade do meu pai com o Natalino José do Nascimento, o grande Natal da Portela, a X-9 desfilou no Rio em maio de 1968, no bairro do Méier. Vila Isabel, Portela, Império Serrano, Salgueiro e a X-9 estava lá no meio. Foi a grande oportunidade a X-9 mostrar o seu valor aos grandes do Rio”.
Jadir lembra de outro momento inesquecível deste dia. “meu pai também falou que o famoso dançarino Delegado da Mangueira fez questão de levar o casal da X-9, Nahum Caetano, o Magnífico, e Cida, a Soberana para apresentar o pavilhão da X-9 ao governador Negrão de Lima que estava no palanque oficial”.
Jadir seguiu os passos do mestre Nahum e se tornou o “príncipe dos mestres-sala. “Eu tive várias parceiras e tive grandes momentos com todas elas: Vera, a Divina; Valéria, a Graciosa, cheguei a realizar o sonho de me apresentar com Cida, a Soberana, nos 50 anos da X-9. Dei uma parada, depois de alguns anos voltei e desfilei com Josy, a sublime”.
Jadir Muniz de Souza é embaixador do samba e faz parte do restrito quatro do Estado Maior do samba, maior honraria do carnaval santista. É professor de educação física, escritor com dois livros publicados: Mestre-sala e porta-bandeira, uma reverência a nobreza do samba. E O Imperador do samba. A história de Drauzio da Cruz. Ele se emociona ao falar do carnaval.
“O sambista se torna o ator principal de uma peça. Onde existe aquela igualdade social. Aquela oportunidade da pessoa humilde que pode se tornar grandiosa. É um momento de sonho. De alegria. De esquecer das dificuldades. Fico até emocionado porque ali no desfile você pode ser o que quiser. Ali eu podia ser um príncipe e me sentir numa realeza”.
A Rainha
“Não tenho tanto tempo de samba, não. Como minha família não era desse meio, eu não sou cria do Carnaval”.
“Fui apresentada à presidente Sandra Oliveira e, dias depois, ela me convidou para ser rainha da bateria Feitiço da Ilha”. Lezir desfilou pela Verde e Branco de 2013 a 2016. Nesse período, também brilhou em outros ares. Foi segunda princesa de Cubatão em 2014, rainha do Carnaval de Guarujá em 2015 e, em 2016, assumiu a coroa da Corte Carnavalesca de Santos. “Foi quando eu saí da Amazonense e fui convidada pela presidente Sandra Franco para ir para a escola de samba Brasil, para ser a rainha da bateria Feitiço Brasileiro”.
Como as demais rainhas de bateria, Lezir nunca mais parou desde que virou rainha da primeira vez. Ela também subiu a Serra para concorrer à Corte de Carnaval da Uesp, que reúne as representantes do Grupo de Acesso e foi princesa do samba. Em 2018, foi eleita rainha de São Vicente. “O Carnaval, para mim, é alegria. É conectar pessoas com alegria, paz e união.”
Lezir não esconde a satisfação de participar dessa festa popular. “Reinar na bateria é só a cereja do bolo. O bolo é a bateria, e a rainha, apenas uma cerejinha”. Apesar do sorriso aberto e da simpatia, ela fala sério sobre outro tema. “Rainha de bateria deveria ser um quesito no desfile oficial. Deveria entrar em julgamento, porque ela tem uma representatividade no enredo”.
Lezir é funcionária púbica e microempreendedora na área de estética. Ama o Carnaval e não se vê longe da passarela. “Eu sou muito orgulhosa de ser rainha no Carnaval, porque tem que ter muito amor. Se o Carnaval é só em fevereiro, você precisa estar pronta o ano inteiro. Não pode se descuidar. Eu amo fazer parte de tudo isso. Amo fazer parte da bateria, porque sou uma componente também. Eles mostram musicalidade, e eu mostro samba nos pés. Essa junção é maravilhosa.”