Heróis que mudaram a história do vôlei e do esporte brasileiro são reverenciados em Santos

Integrantes da geração de prata do vôlei masculino são homenageados por feito obtido em 1984

Por: Eduardo Silva  -  02/05/24  -  18:23
Paulo Sérgio Rocha, José Carlos Brunoro, Badá, Renan Dal Zotto, Domingos Maracanã, Marcelo Camargo (presidente da ANE), Montanaro, William e Rui no evento de Santos
Paulo Sérgio Rocha, José Carlos Brunoro, Badá, Renan Dal Zotto, Domingos Maracanã, Marcelo Camargo (presidente da ANE), Montanaro, William e Rui no evento de Santos   Foto: Alexsander Ferraz/ AT

Quarenta anos depois, os heróis que mudaram a história do vôlei e do esporte brasileiro foram reverenciados em Santos. Quem teve a chance de prestigiar, no último sábado, a homenagem aos 40 anos da medalha de prata na Olimpíada de Los Angeles, em 1984, não teve como não se emocionar. O local não poderia ser melhor: o Clube Internacional de Regatas, uma agremiação que respira esporte, durante a realização do Campeonato Brasileiro de Vôlei Master, realizado pela Associação Nacional de Esportes (ANE).


Cara a cara com os ídolos, os esportistas que foram homenageá-los reviveram, num vídeo, lances da geração de prata. A iniciativa da homenagem foi do presidente da ANE, Marcelo Camargo, que entregou a cada integrante da seleção de 1984 uma réplica da medalha olímpica. Foram momentos muito especiais para quem gosta de esporte. Ter a chance de ficar frente a frente com o capitão William, falar com Renan e Montanaro, rever Badá, Rui e Domingos Maracanã e conversar com José Carlos Brunoro e Paulo Sérgio Rocha, integrantes da comissão técnica.


William foi o primeiro a agradecer pela lembrança. “A gente não tinha noção da dimensão que isso tomaria, o que a minha geração conseguiu fazer. A gente massificou o esporte com essa quantidade que a gente tem hoje de jogadores. O que temos agora começou lá atrás. Nós somos privilegiados. Tudo isso aconteceu há 40 anos e vocês ainda têm esse carinho pela gente. Como o Renan falou no vídeo, nós fizemos história e somos lembrados até hoje. Esse é orgulho que fica. Eu tenho um carinho muito grande por todos eles”.


O capitão da seleção de prata destacou que o fato de ser considerado uma referência na posição de levantador se deve, em parte, aos parceiros de quadra. “Qualquer tipo de jogada que eu quisesse fazer, eles davam conta do recado. Eu tive um privilégio muito grande de tê-los como parceiros. Nós tivemos um ciclo olímpico até 1988. São muitos anos de vôlei. Estive todos esses anos em Santos e sempre recebi o carinho de todos. Vocês não têm noção o quanto isso nos rejuvenesce e nos orgulha”.


Reverência e emoção


Outro medalhista de prata em Los Angeles, Rui, preferiu reverenciar os colegas. Primeiro falou que o capitão William foi um dos maiores levantadores de todos os tempos. Em seguida, com a camisa 12 nas mãos, homenageou Bernard. “Ele revolucionou o esporte. Foi um maluco que deu o saque jornada nas estrelas e chamou a atenção do mundo para a gente”.


Depois, ressaltou a importância dos saudosos Bebeto de Freitas e Jorjão, que integravam a comissão técnica com José Carlos Brunoro e Paulo Sérgio Rocha. “Eles que colocaram a gente em forma, deram esporro, botaram a gente para treinar e colocaram na cabeça da gente que poderíamos subir no pódio. E a gente subiu”.


Montanaro também se emocionou ao lembrar do momento especial em Los Angeles. “A medalha simboliza, mas nós conseguimos popularizar o vôlei e mostrar ao brasileiro que éramos bons também com as mãos, não só com os pés. E não fizemos isso sozinhos. A gente se inspirou em gerações anteriores, em Negrelli, Moreno, tantos outros craques, nossos mestres. Devemos muito a muita gente, ao Luciano do Valle, que colocou o vôlei na TV, e a todos os companheiros de quadra. Dizem que brasileiro não tem memória, mas tem memória sim”.


O ex-jogador Domingos Maracanã, que chegou a defender Santos e Internacional de Regatas, agradeceu as homenagens. “Estamos emocionados ao ver tanta gente aqui. É fruto do trabalho de um grupo que lutou pelas futuras gerações”. Badá, que participa do Campeonato Brasileiro master há 20 anos, ressaltou sua paixão pelo vôlei, sintetizada na vontade permanente de estar em quadra e jogar. “Estarei sempre presente nesses momentos especiais”.


Entre os melhores


Renan Dal Zotto, um dos jogadores mais completos da história e que até ano passado era o técnico da seleção brasileira masculina, destaca que o vôlei brasileiro faz história há décadas, em uma trajetória sem precedentes. “Novas gerações vieram depois da nossa e faz 45 anos que o vôlei consegue resultados com os homens e as mulheres, na quadra e na praia. Orgulho de fazer parte dessa história tão bonita do nosso esporte”.


Comissão técnica

Para o preparador Paulo Sérgio Rocha, algumas qualidades foram primordiais para o sucesso da geração de prata. “Esse time tinha disciplina, determinação, foco, fé e, o mais importante: união. E olha que a equipe jogava sem a qualidade dos tênis que temos hoje”. José Carlos Brunoro, que foi auxiliar do treinador Bebeto de Freitas, falou com orgulho da jornada iniciada em 1981. “Quando começamos esse trabalho, cinco meses depois o Brasil foi 3º lugar na Copa do Mundo do Japão. Foi maravilhoso. Depois, só conquistas. Vou fazer 74 anos e o maior aprendizado da minha vida foram esses caras. Antes, havia três treinos por semana. Com a gente, foi para cinco ou seis vezes, de cinco a seis horas por dia, para poder chegar onde queríamos. Mudamos muita coisa”


Atletas


A seleção brasileira que conquistou a medalha de prata em 1984, comandada pelo técnico Bebeto de Freitas, era formada por William, Amauri, Badá, Bernard, Bernardinho, Domingos Maracanã, Fernandão, Montanaro, Vinícius, Xandó, Renan Dal Zotto e Rui


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