Reação perante as chuvas

Os quatro registros de chuvas trágicas em um ano comprovam as mudanças climáticas e os efeitos devastadores delas

Por: ATribuna.com.br  -  04/05/24  -  06:39
  Foto: Diego Vara/Divulgação

A tragédia das chuvas intensas em curso no Rio Grande de Sul desde o último dia 29 indica um impacto mais acentuado das mudanças climáticas no estado do que nas outras regiões do País. Os políticos, como o governador Eduardo Leite (PSDB) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cumprem seu papel de anunciar medidas, visitar as vítimas e liberar verbas emergenciais. Mas não é mais possível apenas lamentar, contar os mortos e socorrer os desabrigados. É preciso desenvolver um amplo plano nacional de resgate e também de prevenção, pois os gaúchos estão enfrentando enxurradas reincidentes. Além disso, a tecnologia da previsão do tempo tem que ser levada a sério, pois avisos antecipados mais eficientes salvam vidas.


Até o fechamento desta edição, o Rio Grande do Sul conta 39 mortes, número que deve subir devido ao registro de desaparecidos. Mas os temporais já mataram mais de 100 moradores no estado, que em um balanço do portal g1 acumula quatro temporais trágicos nos últimos 12 meses. Pela geografia e distribuição populacional do Rio Grande do Sul, as chuvas impactam de forma diferente em relação a metrópoles e cidades médias, incluindo a Baixada Santista, do Sudeste e Nordeste. No geral do País, as vítimas fatais em sua maioria estão em encostas com moradias precárias que resultam em deslizamento e soterramento. No Rio Grande do Sul, o problema se verifica nos vales, com os rios que transbordam e devastam municípios pequenos. Portanto, são duas situações que exigem respostas diversas, como reurbanização e investimentos em habitação, e no caso dos gaúchos, drenar as bacias. Em relação às quedas de barreiras, o setor público permanece há décadas sem dar respostas à altura do problema, que se tornou mais fatal com chuvas mais constantes. Apesar das enchentes nos vales da Região Sul não serem recentes, agora se repetem com intervalo de poucos meses e no fim das contas precisam ser enfrentadas desde já.


Além disso, os quatro registros de chuvas trágicas no Rio Grande do Sul em um ano comprovam as mudanças climáticas e os efeitos devastadores dela. Conforme apurou o g1, o primeiro desastre dessa série, em junho, foi causado por um ciclone extratropical, lembrando que há algumas décadas eles não eram notados pelos especialistas, enquanto os temporais de setembro, no Vale do Taquari, resultaram de um sistema de baixa pressão originado no Paraguai. Em novembro sucessivas frentes frias trouxeram mais enxurradas, enquanto as atuais chuvas se diferenciam por serem mais persistentes, frente às do Taquari, que foram rápidas, mas violentas.


O que se conclui é que sem investimentos preventivos muitas cidades poderão se tornar obsoletas. Mas as mortes são muito mais impactantes, pois causam danos financeiros e dramas pessoais que passam de uma geração a outra e dificilmente são reparados, gerando profundo empobrecimento.


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