Preservação do emprego industrial

O encolhimento das atividades também produz impacto destrutivo nos segmentos de prestação de serviços

Por: Da Redação  -  12/06/20  -  13:09

É fundamental que o setor público seja atuante com medidas para estimular o mercado de trabalho. No momento atual, mesmo que os governos estejam sobrecarregados com as urgências na área da Saúde, entende-se que a preservação de postos de trabalho é também prioridade, pois eles estão sendo destruídos de forma acentuada pela pandemia. Por isso, é importante que a secretária estadual de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen da Silva, se comprometa a estudar os casos da Usiminas e Petrobras na Baixada Santista, tal como ela se manifestou na terça-feira ao participar do encontro virtual do Região em Pauta, fórum de A Tribuna que debate os principais problemas da sociedade.


As duas empresas, alguns dos maiores geradores de empregos da região, implantaram programas que podem encolher o mercado de trabalho local em mais de mil vagas. A siderúrgica, segundo sindicalistas, quer demitir 960 funcionários, enquanto a estatal passou a transferir do Valongo, em Santos, para o Rio de Janeiro parte do pessoal de plataformas do pré-sal, alegando vantagens logísticas. As duas iniciativas têm dois impactos de alto valor agregado. Primeiro, retiram da Baixada um grande volume de pessoas com rendas salariais mais elevadas, além de encolher o número de trabalhadores de alta capacitação na Baixada, o que tem impactos no consumo e principalmente no comércio e no setor imobiliário.


O encolhimento das atividades das duas companhias, o que se supõe que acontecerá após tamanha redução dos postos de trabalho, também produz impacto destrutivo nos segmentos de prestação de serviços, resultado da terceirização de atividades. Isso vale desde negócios de manutenção até atividades administrativas, como segurança e recursos humanos. No final das contas, há risco de consequências maiores ainda na arrecadação do setor público com o ICMS, principalmente no caso de Cubatão.


Nos casos da Usiminas e Petrobras, o desafio é imenso. A estatal transferiu pessoal pela necessidade brutal de cortar despesas após ser saqueada pela corrupção e também pelo custo elevado para extrair petróleo em águas profundas. Já a siderúrgica diz que foi atingida pela ociosidade devido à pandemia, mas há alguns anos a direção da companhia condicionou a retomada de unidades já desativadas ao crescimento da economia nesta década, o que está cada vez mais longe de acontecer. 


A proximidade à região mais rica do País e uma mão de obra preparada continuam como vantagens da Baixada, mas a competição com outros centros bem articulados está acirrada. Os artifícios para gerar empregos estão comprometidos pelo estrangulamento das receitas com impostos, lembrando que a guerra fiscal não é eficiente para os paulistas devido à economia já diversificada. Por isso, a Baixada depende como nunca de ações mais firmes das lideranças políticas pela manutenção do emprego.


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