Portos brasileiros

É preciso torcer para que a seca no Sul ceda para um bom regime de chuvas e que os jutos altos não prejudiquem o campo

Por: Redação  -  04/02/22  -  06:55
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/   Foto: Arquivo/AT

As previsões das instituições financeiras apontam para um crescimento fraco do Produto Interno Bruto (PIB) do País neste ano, de 0,3%, segundo o Boletim Focus do Banco Central, mas felizmente as expectativas para os portos são melhores. A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) divulgou os dados do setor referentes a 2021, com a movimentação de 1,21 bilhão de toneladas no sistema portuário brasileiro, o que representa um aumento de 4,8% em relação a 2020. Para este ano, a Antaq projeta uma expansão de 2,4% sobre 2021, atingindo a marca de 1,239 bilhão de toneladas.


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Desempenho da economia interna, contexto internacional e o governo cumprindo o dever de casa, que é cuidar da modernização e expansão física do setor portuário, precisam estar em sintonia para que as previsões da Antaq sejam confirmadas. Economistas acreditam que o Brasil não vai superar o recorde da balança (exportações menos importações) do ano passado, de US$ 61 bilhões, mas poderá ficar próximo dela.


Internamente, é preciso torcer para que a seca no Sul ceda para um bom regime de chuvas e que os juros altos não prejudiquem o campo. Além disso, há o principal cliente brasileiro, a China, que segundo a Antaq foi o destino de 51% das cargas que saíram no ano passado dos portos do Brasil. O país asiático passa por um momento de desaceleração, com problemas na área imobiliária, setor responsável por quase um quarto do PIB chinês e fundamental para a venda de minério de ferro da Vale. Do lado da compra de soja e carnes, os negócios dependem mais do próprio Brasil superar a seca e ampliar sua produtividade.


O governo tem muito a colaborar se conseguir manter a atração de investimentos do setor privado aos portos, em especial o complexo santista. No curto prazo (até 2023), o diretor-presidente da Santos Port Authority (estatal do Porto de Santos), Fernando Biral, em entrevista a A Tribuna, prevê a conclusão de 11 leilões de arrendamento de áreas, que ampliarão a capacidade do Porto em 50% até 2040. Há ainda a privatização da administração portuária que o governo pretende cumprir neste ano.


De qualquer forma, os portos brasileiros dependem da própria modernização e crescimento da economia a percentuais mais elevados. A indústria, de valor agregado e que gera empregos qualificados, segue muito enfraquecida e com dificuldade para enfrentar a concorrência externa. Isso está claro na própria pauta de exportações do País, concentrada no agronegócio, na mineração e em petróleo.


Além de elevar a competitividade da indústria, é preciso dar mais eficiência ao sistema de transportes que leva mercadorias aos portos. Deve-se ampliar os programas de concessão e combater a insegurança jurídica para grandes companhias investirem no setor. Sem estabilidade política e redução do custo Brasil, será difícil atrair capitais de forma sustentável.


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