Planos que não se consolidam

O custo Brasil tornou a indústria brasileira vulnerável às importações e em desvantagem na disputa por mercados

Por: Da Redação  -  06/10/20  -  11:18

Em entrevista a A Tribuna no último domingo, o presidente da agência estadual de promoção de investimentos, Investe SP, Wilson Mello, anunciou que neste mês vai se encontrar com empresários da região. A ideia é discutir um novo plano de atração de projetos de turismo e outros setores para desenvolver a Baixada Santista. Qualquer esforço para estimular a economia regional é bem-vindo.


Entretanto, há muitos anos se fala em gerar novas vocações ou expandir as atuais e, no final das contas, poucos resultados são obtidos, enquanto a Baixada vê outras regiões paulistas se reinventarem, como São José dos Campos (aeroespacial), Sorocaba (indústrias asiáticas) e Osasco (imobiliário e serviços). Até quando a Baixada traçará planos sem grandes consequências na geração de empregos e atração de capitais?


O que se tem de concreto hoje é que o Porto mantém seu dinamismo, com grandes mudanças nas operações e uma expectativa de privatização, apesar da demora do governo. Independentemente dos ganhos que o País tem com o desenvolvimento do Porto de Santos, o uso intensivo de tecnologia vai reduzir cada vez mais seu potencial de geração de emprego. Como bem lembrou o presidente da Investe SP, Santos e São Sebastião têm vocação natural para a logística. Contudo, a região não deve se conformar com isso e precisa atrair negócios que possam obter sinergias com o Porto. 


No Polo de Cubatão, a indústria vive uma séria crise, não só pela ociosidade da Usiminas, como de todo o setor no País. O custo Brasil (alta carga tributária, mão de obra cara e baixa produtividade) tornou o parque fabril brasileiro muito vulnerável às importações e em desvantagem na disputa internacional por mercados. Basta o dólar começar a cair e o volume de importados volta a disparar. No caso de Cubatão, de forte vocação petroquímica, há uma concorrência gigantesca dos insumos industrializados chineses. Um grande problema que se configura para Cubatão é a queda de arrecadação se houver uma desindustrialização mais acentuada.


No caso do turismo, a Investe SP poderia promover uma onda de inovação. Esta é a única forma do Litoral não depender dos finais de semana ensolarados para atrair paulistanos ou apostar em boa temporada porque o brasileiro está com pouco dinheiro ou medo da pandemia e quer se deslocar pouco. É preciso desenvolver novas atrações, eventos e atividades culturais e esportivas e melhorar os serviços para aquecer o pós-pandemia. 


No setor petrolífero, a Petrobras já afirmou que não deixará a Baixada, mas é fato que suas operações estão cada vez mais concentradas no Rio de Janeiro. O foco precisa estar voltado ao mercado de gás, que é mais sustentável e com reservas na costa paulista. É preciso trabalhar mais por todos os setores de forma contínua sem a fantasia do capital fácil. Ele vai aportar apenas se houver competitividade para multiplicá-lo.


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