Opinião sobre covid

O Instituto Travessia realizou duas pesquisas visando a opinião dos brasileiros sobre a doença

Por:  -  25/04/20  -  20:47

O Instituto Travessia realizou, para o jornal Valor Econômico, duas pesquisas visando determinar a opinião dos brasileiros sobre a covid-19. Com intervalo de um mês entre elas, é possível perceber que houve variações em relação a vários aspectos da atual crise. Em primeiro lugar, chama a atenção que as pessoas estão mais preocupadas: em meados de março, 54% responderam a pandemia será devastadora, prejudicando a economia nos próximos períodos; agora, esse número aumentou para 64%. Na mesma linha, 17% diziam, há um mês, que o Brasil conseguiria superar a epidemia em poucas semanas; na última pesquisa esse percentual diminuiu para 9%, com 52% dizendo que demorará muito tempo (em março eram 48%).


Os levantamentos mostram que caiu a aprovação dos governadores na crise (de 70% para 58%), enquanto os prefeitos tiveram melhoria (de 52% para 57%), o mesmo acontecendo quanto à atuação do presidente Jair Bolsonaro (de 28% para 31%). Quanto ao presidente, destaque-se que a desaprovação cresceu (de 50% para 53%), com redução daqueles que não souberam opinar (de 22% para 16%). Sua atuação é muito melhor avaliada pelos homens (45%) do que pelas mulheres (17%), e a rejeição é maior no Nordeste, entre os jovens e aqueles que recebem até dois salários mínimos.


Bolsonaro conseguiu avançar entre os segmentos mais velhos (entre os que têm mais de 60 anos sua aprovação passou de 31% para 42%), bem como entre aqueles com maior renda (a concordância, entre os que ganham mais de 10 salários mínimos, elevou-se de 26% para 43%). 


A análise dos resultados permite concluir que a quarentena tem tido desgaste, principalmente em razão da queda de renda das pessoas, e isso reflete nos governadores, que têm sido os responsáveis pela manutenção do distanciamento social. Por outro lado, as ações de auxílio emergencial a pessoas, como o pagamento de R$ 600,00 a trabalhadores informais e medidas a empresas, podem ter influenciado positivamente em relação ao Governo Federal.


Embora 60% tenham respondido que acreditam que a demissão do ministro Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, vá prejudicar o combate ao coronavírus, e 62% tenham dito que discordam da sua saída do governo, não há dúvida que o presidente assumiu protagonismo maior na crise, que pode ser percebido nas respostas sobre a confiança em Jair Bolsonaro para gerenciar a atual crise: ela aumentou de 24% para 37 % agora.


Apesar de melhor, a percepção sobre o desempenho do presidente ainda está longe da aprovação generalizada. 53% dos entrevistados desaprovam sua atuação quanto à covid-19, com outra indicação contrária a ele é que a maioria (57%) defende o isolamento total, embora 41% considerem adequado o isolamento parcial, restrito aos grupos de risco, mantendo o comércio e os serviços abertos.


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