O fracasso da COP

Objetivo da COP 25, da ONU, era regulamentar o artigo 6 do Acordo de Paris

Por: Da Redação  -  17/12/19  -  16:58

Fracassaram as negociações na 25ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 25). Seu principal objetivo, que era regulamentar o artigo 6 do Acordo de Paris, que trata da criação de um mercado de carbono para incentivar ações de mitigação dos efeitos do aquecimento global, foi frustrado. O assunto ficou para a próxima reunião, a COP 26, que acontecerá em Glasgow, na Escócia, no fim de 2020.


O mecanismo para regular os mercados de carbono consiste em comércio global de redução da emissão dos gases de efeito-estufa, em que o país ou empresa que reduz suas emissões pode vender créditos de carbono, que valem para o comprador abater suas metas, sem que ele efetivamente as concretize.


O Brasil foi um dos países que dificultou o acordo em torno do tema, insistindo que os créditos vendidos a outras nações não deveriam ser descontados da prestação de contas sobre o cumprimento das próprias metas, tese rechaçada, uma vez que permitiria uma dupla contagem das reduções das emissões.


No balanço geral da Conferência, houve perda de protagonismo brasileiro na questão ambiental. O país se recusou a sediar a COP 25 e sequer montou um espaço no pavilhão das nações, além de sua diplomacia ter tido desempenho fraco nas negociações, tendo se isolado ao defender que fossem eliminadas menções de trabalhar com oceanos e uso da terra baseados em relatórios do Painel Intergovernamental da Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês).


O resultado foi o país receber críticas generalizadas, que culminaram com o "prêmio" Fóssil Colossal, conferido pela organização Climate Action Network.


Não se pode responsabilizar apenas o Brasil pelo fracasso da COP 25. Os países ricos também não colaboraram, e o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, declarou-se "desapontado" com seu resultado, embora tenha afirmado que está "mais determinado do que nunca" para que os países se comprometam com o que a ciência diz ser necessário para barrar o aquecimento global.


Há alguns positivos a destacar quanto à participação brasileira. Um deles foi a presença no evento da sociedade civil, de parlamentares e de governos estaduais, principalmente da Amazônia. A lamentar, porém, as posições oficiais da delegação brasileira, centradas apenas na busca de mais recursos.


Enquanto se desmontou neste ano o Fundo Amazônia, com financiamento dos governos da Noruega e Alemanha, a Colômbia e a Indonésia celebraram agora parcerias para preservar suas florestas, em moldes semelhantes.


Observadores destacaram que se esperava muito mais da COP 25, com ações efetivas sobre a mudança climática. Decisões importantes foram adiadas, mais uma vez, e o problema do aquecimento global, que se agrava a cada dia, continua ameaçando perigosamente o planeta.


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