O Brasil vinha, antes da pandemia, atravessando uma forte crise econômica, com redução do poder de investimento e o fardo mais pesado desse processo: o desemprego. Na esteira do largo período de estagnação, que tem seu início em 2014 e se agravou nos anos seguintes, particularmente pelos efeitos do cenário político, o País tentou alguns remédios, como a reforma trabalhista, em vigor desde novembro de 2017, que prometia milhões de empregos, fato que não se consumou. A reforma da Previdência avançou, mas ficaram pelo caminho — ou andam a passos de tartaruga — outras pendências estruturais igualmente necessárias, notadamente as reformas tributária e administrativa.
A centelha devastadora do novo coronavírus só veio a agravar um quadro que já se mostrava deteriorado. Passado pouco mais de um ano desde seu início, a pandemia revela a oscilação entre fases mais assustadoras e abrandamento de seu alcance.
É nesta toada, fazendo profissão de fé na imunização de populações inteiras, que a sociedade vislumbra um cenário menos claudicante. Duas reportagens publicadas ontem por A Tribuna mostram que há, sim, luz no fim do túnel. Uma delas diz respeito ao incremento da construção civil, um dos motores da indústria regional. As vendas de imóveis subiram, alimentadas por fatores comuns ao setor, como a liberação dos estoques, e os fenômenos recentes, com a necessidade de trabalho remoto.
Não se trata de otimismo exagerado, mas ponderado e com lastro na realidade que passamos a viver desde março de 2020. É um fato trazido à superfície na análise do presidente da Associação dos Empresários da Construção Civil da Baixada Santista (Assecob), Ricardo Beschizza. Ele avalia que a produção seguiu um fluxo contínuo, muito por causa do home office. Sua dúvida é se esta perspectiva será consolidada ou se foi um nicho de mercado.
No ambiente regional, ainda, o Poder Público sinaliza disposição para acelerar o ritmo de retomada. É seu papel, também, o de preparar o terreno, tornando-o fértil para investimento, crescimento e geração de postos de trabalho. A reportagem traz as iniciativas que as prefeituras locais pretendem colocar em prática para otimizar a recuperação econômica.
Segmentos como comércio e prestação de serviços, dois vetores essenciais às economias locais, sentiram a debacle provocada pela pandemia. Muitos sucumbiram durante o processo de crise sanitária, com forte repercussão no aspecto social, pois perderam-se emprego e renda. Com as providências que não podem mais ser refreadas, como as campanhas de vacinação, espera-se que o caminho volte a ser menos íngreme. Mas isso dependerá também da consciência geral, evitando-se comportamentos de risco e mantendo-se o grau de segurança que autoridades de saúde preconizam, mesmo que haja largo percentual de imunização. É, portanto, um esforço coletivo, no qual devemos estar todos engajados.
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